onda de protestos contra Trump toma cidades dos EUA


EUA têm dia de protestos
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EUA têm dia de protestos ‘No Kings’ contra Donald Trump; republicanos chamam mobilização de ‘ato de ódio ao país’

Milhares de pessoas ocupam as ruas de Washington e de mais de 2.600 cidades norte-americanas neste sábado (18) no chamado movimento “No Kings Day” (“Dia Sem Reis”, em tradução livre), uma mobilização contra o presidente Donald Trump e o que os manifestantes classificam como uma ameaça à democracia dos Estados Unidos.

Segundo informações da Associated Press (AP), o movimento deve se tornar o maior ato nacional de oposição desde a volta de Trump à Casa Branca para seu segundo mandato. Em Nova York, a multidão preencheu quase toda a Times Square. Veja:

O republicano, no entanto, não está em Washington: ele está em sua casa na cidade de Mar-a-Lago, na Flórida, onde participa de um jantar de arrecadação de fundos do super PAC MAGA Inc.

Antes de deixar a capital americana, Trump ironizou as críticas sobre seu estilo de governar. “Dizem que me chamam de rei. Eu não sou um rei”, declarou em entrevista à Fox News.

Protestos em governo paralisado

Segundo os organizadores do movimento, ele é uma resposta direta ao que chamam de abuso do Executivo para contornar o Congresso e o Judiciário.

As manifestações ocorrem em um momento tenso no Capitólio, já que o governo federal está paralisado há 18 dias, com programas e serviços sociais suspensos.

“Não há ameaça maior a um regime autoritário do que o poder do povo patriota”, afirmou Ezra Levin, cofundador do movimento Indivisible, que coordena a mobilização em parceria com outros grupos civis.

Marchas foram registradas desde as primeiras horas do dia em Nova York, Los Angeles, Atlanta e Chicago, além de cidades do interior. No exterior, americanos também se reúnem em capitais como Madri, em protestos organizados pelo grupo Democrats Abroad.

Republicanos chamam ato de “ódio à América”

Lideranças republicanas reagiram com hostilidade à mobilização. O presidente da Câmara, Mike Johnson, chamou o evento de “Hate America Rally” (“manifestação que odeia os EUA”) e afirmou que o movimento é composto por “antifa, marxistas e pessoas que odeiam o capitalismo”.

Para aliados de Trump, os protestos são para agravar a paralisação do governo. Eles acusam os democratas de se recusarem a votar propostas de reabertura enquanto exigem mais recursos para saúde pública e programas sociais.

Os democratas, por outro lado, afirmam que o impasse é um ato de resistência ao avanço autoritário de Trump que, segundo eles, tenta submeter o Legislativo e o Judiciário ao poder executivo.

“É um ato de amor à América”, diz senador da oposição

Entre os principais apoiadores da mobilização estão o líder democrata no Senado, Chuck Schumer, e o senador independente Bernie Sanders, que rebateu as acusações republicanas.

“É um ato de amor à América”, escreveu nas redes sociais. “Milhões de pessoas vão às ruas para defender a Constituição e a liberdade americana – e para dizer a Trump que este país não será transformado em uma autocracia”, completou.

Mesmo sem confirmar presença nos atos, o líder democrata na Câmara, Hakeem Jeffries, afirmou que os protestos representam o verdadeiro patriotismo.

“O que foi realmente odioso aconteceu em 6 de janeiro, com a invasão do Capitólio. O que veremos neste fim de semana é patriotismo — cidadãos protestando contra o extremismo que Trump voltou a liberar sobre o povo americano”, declarou.

A liderança democrata vê no dia de hoje uma chance de mostrar força após meses de desorganização. Em abril, o movimento reuniu cerca de 1.300 marchas; em junho, 2.100; agora, já passa de 2.600, um salto que, segundo analistas ouvidos pela AP, mostra que o descontentamento com o governo está crescendo.



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