
O que se sabe até agora sobre o assassinato de Soraya Tatiana
Matteos França, de 32 anos, confessou à Polícia Civil de Minas Gerais ter assassinado a própria mãe, a professora Soraya Tatiana, de 56 anos. O crime aconteceu na sexta-feira, (18), no apartamento em que ambos viviam em Vespasiano, na Região Metropolitana de Belo Horizonte.
O corpo foi localizado dois dias depois, sob um viaduto da avenida Adélia Issa, parcialmente coberto por um lençol. A vítima usava apenas uma blusa cinza no momento em que foi encontrada.
Segundo as investigações, o assassinato teria sido motivado por uma discussão familiar relacionada a problemas financeiros. De acordo com o delegado Álvaro Homero Huertas dos Santos, Matteos acumulava dívidas com jogos e havia feito diversos empréstimos consignados.
Em depoimento, ele alegou ter sofrido um surto durante a briga, momento em que os dois se exaltaram fisicamente.
“Durante a discussão, ambos se levantaram e ele acabou por enforcar a mãe”, relatou o delegado.

Soraya Tatiana Bonfim França, de 56 anos, com o filho Matteos, de 32
Tentativa de ocultação
Após cometer o crime, Matteos colocou o corpo da mãe no porta-malas do carro dela e o transportou até uma área deserta, onde o abandonou sob o viaduto. Conforme declarou à polícia, ele teria agido sozinho. A delegada Ana Paula Rodrigues de Oliveira afirmou que os elementos apurados até o momento indicam que nenhuma outra pessoa esteve no local do crime entre a noite de sexta-feira e a viagem do suspeito.
A tentativa de ocultação do crime incluiu ainda uma versão inicial falsa apresentada por Matteos às autoridades. No boletim de ocorrência registrado no sábado, 19 de julho, ele afirmou que havia saído de casa na noite anterior para viajar à Serra do Cipó. Segundo esse relato, sua mãe estava na sala, usando uma camisola cinza, quando ele partiu.
Na manhã seguinte, ao não obter resposta das mensagens enviadas para Soraya, ele teria acionado uma tia que mora no mesmo prédio para verificar o apartamento. O local estava intacto, sem sinais de arrombamento ou desordem, e o carro da professora continuava na garagem. Matteos retornou ao imóvel e, com o pai, passou a visitar hospitais, o Instituto Médico Legal e a buscar informações com amigos, alegando preocupação com o suposto desaparecimento da mãe.
Contradições e provas
A versão apresentada pelo filho, no entanto, começou a ruir diante das evidências reunidas pela polícia. Imagens de câmeras de segurança flagraram o carro da vítima sendo conduzido até o ponto onde o corpo foi abandonado. Além disso, foram encontradas manchas de sangue no porta-malas do veículo, o mesmo que, segundo Matteos, não havia sido movimentado desde o desaparecimento.
Diante das inconsistências e da pressão das investigações, ele acabou confessando o homicídio na sexta-feira, 25 de julho. O suspeito foi preso na casa do pai, sem oferecer resistência, e afirmou estar arrependido. Ele declarou ainda que não havia contado a ninguém sobre o crime.
Quem é o suspeito
Formado em relações públicas pela Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Minas Gerais, Matteos França atuava como analista de marketing e social media. De acordo com seu perfil no LinkedIn, trabalhava desde 2021 como assessor de comunicação estratégica na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social de Minas Gerais.
Mesmo após o crime, Matteos manteve as aparências. Na terça-feira (22), poucas horas após o enterro da mãe, publicou uma homenagem à professora em suas redes sociais.
“Vai em paz, minha baianinha, com meu amor eterno e com a certeza de que sua luz nunca vai se apagar. Você fez, é e sempre será uma linda história! Te amo para sempre”, escreveu.
A Polícia Civil continua a apuração para esclarecer todos os detalhes e verificar se houve algum tipo de premeditação ou ajuda de terceiros, apesar de, até o momento, todos os indícios apontarem para a ação solitária do filho. A existência de possíveis transtornos psicológicos também será investigada ao longo do processo.
IG Último Segundo