A deputada Carla Zambelli fugiu do Brasil para não ser presa
Condenada a dez anos de prisão pela invasão aos sistemas do Conselho Nacional de Justiça, Carla Zambelli já sabe com recorrer da sentença: fugindo.
Nesta terça-feira ela afirmou, em uma live, que está na Europa, supostamente para um tratamento médico — o que é estranho, porque na entrevista virtual, como lembrou o amigo Cléber Lourenço, ela sorria feito uma condenada.
O local exato nem mesmo a defesa da deputada do PL de São Paulo sabe dizer.
Se ela segue as recomendações dos médicos, não sabemos. Mas a dos advogados parece não obedecer.
Logo que a Primeira Turma do STF anunciou a pena, Zambelli chamou uma entrevista coletiva para dizer que não sobreviveria à prisão.
E mentiu ao dizer que iria cumprir a lei e se apresentar quando os recursos se esgotassem e a ordem e prisão fosse formalizada.
Até lá, disse que pretendia reunir relatórios médicos para provar que na cadeia não seria cuidada da maneira como precisa.
A conversa era toda estranha, já que a deputada parecia estar em boa forma quando perseguiu, com arma em punho, um eleitor de Lula na véspera das eleições de 2022.
E nem foi por este processo que chegou a primeira sentença à prisão. Foi porque, segundo o STF, ela se uniu ao hacker Walter Delgatti para invadir o sistema eletrônico do CNJ com a assinatura de Alexandre de Moraes e publicar um pedido de prisão contra ele mesmo.
A brincadeira custou caro.
Da forma como foi noticiada, a fuga ainda é envolta de mistérios.
Em 2023, por ordem de Moraes, a PF apreendeu o passaporte da deputada no âmbito da mesma investigação sobre a invasão ao sistema do CNJ.
Como foi entregue novamente a ela?
Ou ela saiu do país sem a documentação? Foi para a Europa num bote clandestino? Num compartimento de algum navio de soja?
Mistérios.
Há alguns anos, até os fãs da deputada desconfiaram quando ela anunciou estar com Covid e esqueceu de trocar de conta ao mandar condolências a ela mesma em uma postagem. A ideia era se passar por uma apoiadora.
Tudo em Zambelli parece soar tão real como uma nota de R$ 3.
A doença que ela jura dificultar o cumprimento da pena.
A jura de inocência.
E, agora, a fuga misteriosa.
Zambelli certamente assistiu ao longa de Steven Spielberg ao se colocar no centro de uma trama típica do personagem de Leonardo di Caprio em “Prenda-me se for capaz”.
Mas dela só um ponto parece superar a mitomania: é a capacidade de acreditar na própria capacidade, bem diferente do personagem esperto da trama na ficção.
Seria uma surpresa mandar um truque de gênio em meio a tantas patacoadas desde que se elegeu – a começar pela contratação de um hacker para pregar uma peça contra Moraes.
Os próximos capítulos prometem.
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG
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