
O presidente dos EUA, Donald Trump
Há muito o que dizer sobre as ameaças e o tarifaço de Donald Trump sobre exportações brasileiras, uma retaliação ao que ele chama de perseguição a Jair Bolsonaro, à liberdade de imprensa e às eleições no país.
E há mais ainda a dizer sobre como a base bolsonarista, aquela que veste verde e amarelo nas ruas, reagiu vibrando com as medidas que prejudicam e tentam humilhar o próprio país.
Para isso é preciso fazer antes exercício de imaginação.
Vamos tentar? É novembro de 2026.
Contrariado com a derrota nas eleições, o (ainda) presidente Lula deixa de se comportar como tal e se encastela no Palácio do Planalto.
Está deprimido, dizem os assessores.
Durante os meses em que se mantém afastado, apoiadores do petista ocupam as ruas da capital e outros centros urbanos e prometem jogar fogo na Praça dos Três Poderes caso o sucessor eleito tome posse.
Lula, encastelado, não diz uma só palavra para desmobilizar os acampados e pedir que guardem as armas. Pelo contrário: as forças sob seu comando dão proteção aos revoltados. E seu candidato a vice, em uma visita a eles, promete: não desanimem, vem coisa boa por aí.
No dia da diplomação, um grupo tenta invadir a sede da Polícia Federal. Um seguidor do presidente é preso ao tentar explodir o aeroporto de Brasília.
A posse do inimigo, porém, acontece sem grandes transtornos devido ao esquema de segurança.
Mas, uma semana depois, já com os ânimos aparentemente acalmados, acampados se juntam a uma multidão que chega de ônibus de diversos lugares do país. A logística é financiada por empresários apoiadores do candidato derrotado.
Juntos, eles decidem invadir o Congresso, o Planalto e o STF e quebrar tudo o que veem pela frente.
Eles acreditam estar tomando o poder.
Em poucos meses, são identificados, julgados e punidos pelo que resta de autoridade no país.
As investigações revelam que o presidente derrotado passou o tempo todo tramando para permanecer no poder. Um dos chefes das Forças Armadas diz que se reuniu com o então presidente durante seu auto exílio e recebeu uma minuta de um golpe de Estado.
Nos grupos ligados ao comandante em chefe das Forças, tinha gente falando aos quatro ventos que a melhor maneira de reverter o resultado das urnas era acusar uma possível (e enganosa) fraude eleitoral, decretar estado de sítio, prender ministros do STF e o chefe do tribunal eleitoral.
A ala mais radical falava até em matar o candidato eleito e o vice dele.
As mensagens foram interceptadas pela PF e constam do processo contra o presidente derrotado
Ainda assim, incomodado com o julgamento de seu preposto para interesses privados na América Latina, o presidente da China resolve dizer ao mundo que o presidente Lula é alvo de perseguição.
Que a Justiça de outro país não tem nada que investigar o aliado envolvido até a medula na trama golpista descrita acima.
Que anda insatisfeito com medidas judiciais contra donos das plataformas pelas quais escorrem todo tipo de discurso golpista e de ódio.
E que, por essa razão, vai aplicar uma taxa de 50% sobre produtos importados do Brasil até que os juízes do país reabilitem o seu amigo. Simples assim.
A medida tem tudo para quebrar ao meio produtores que vivem da exportação ao até então segundo maior parceiro comercial do país.
Mesmo assim, apoiadores de Lula (inclusive o filho dele) vão às redes defender a medida do líder chinês. Vibram e escrevem “bem feito” para o presidente eleito que, ao ser confrontado, disse que não toleraria a tutela de quem quer que fosse.
Para eles, quanto pior, melhor.
É para isso que vestiram camisa e boné com a inscrição “Faça a China Grande Novamente”. Mesmo que às custas da desgraça doméstica.
São os mesmos patriotas que não podem ver a bandeira do gigante asiático que correm para bater continência.
Já pensou uma história assim?
Como ela acabaria?
*Este texto não reflete necessariamente a opinião do Portal iG
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