
Em 2025, INPE registrou 470 focos de incêndio no estado de SP
O estado de São Paulo registrou uma redução de quase 70% no número de focos de incêndio de janeiro a julho de 2025, em relação ao mesmo período do ano passado. Os dados são do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Foram 1.560 focos registrados de 1 de janeiro a 21 de julho de 2024 e 470 focos de 1º de janeiro até esta segunda-feira (21). Em todo o ano de 2024, foram 8.712 focos de incêndio.
Quando avaliado somente o último mês de junho, ainda de acordo com o INPE, foram 55 focos de queimadas, o menor número em junho desde o início da série histórica, em 1998.
Ficou abaixo dos 63 observados em junho de 2012 — até então, o menor valor já computado.
Em comparação com o mesmo mês de 2024, a queda foi de 89%, quando foram registrados 532 incêndios.
Maior incidência
Apesar da redução importante, o problema continua e, conforme a Defesa Civil estadual informou ao Portal iG, as regiões do território paulista com maior incidência de queimadas neste ano são as regiões Central e Noroeste.
Nesta terça-feira (22), o órgão emitiu alerta via SMS aos celulares cadastrados no sistema estadual, advertindo para risco alto de incêndios florestais na região de São José do Rio Preto, na região Noroeste.
As temperaturas elevadas combinadas com baixos índices de umidade relativa do ar aumentam significativamente o risco de incêndios florestais e queimadas, além da rápida propagação do fogo, especialmente em áreas com vegetação seca, rasteira e pastagens.

Defesa Civil
Operação SP sem Fogo
O governo estadual atribui os números positivos do INPE à Operação SP Sem Fogo, criada em 2023, que é uma parceria entre as Secretarias de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística (Semil), Segurança Pública e Defesa Civil do Estado.
Além disso, conta com iniciativas e investimentos do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar Ambiental, da Secretaria de Agricultura e Abastecimento (SAA), além da própria Semil e de suas vinculadas: Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb), Departamento de Estradas de Rodagem (DER) e Fundação Florestal (FF).
Durante o período de estiagem, a operação entra na fase vermelha, com intensificação dos trabalhos.
Segundo os órgãos envolvidos, a iniciativa passa por um momento de fortalecimento.
Entre as inovações deste ano, está a criação da Sala SP Sem Fogo, no Centro de Gerenciamento de Emergências (CGE), que permite monitorar em tempo real focos de calor, direção do vento e umidade do ar.
A estrutura auxilia na previsão de cenários críticos e no acionamento rápido de equipes.
“Colocamos equipes em campo com drones, veículos e tecnologia para monitorar os focos em tempo real. Isso permite agir rapidamente e evitar que o fogo se espalhe”, destaca o coronel Henguel Pereira, coordenador da Defesa Civil estadual.
Ainda segundo ele, também foi implementado um sistema de alerta georreferenciado, que envia notificações automáticas sempre que focos surgem próximos a unidades de conservação, permitindo ação imediata das equipes.
Para a secretária de Meio Ambiente, Infraestrutura e Logística, Natália Resende, a queda no número de focos de incêndio é resultado de planejamento técnico, investimentos em tecnologia, equipes capacitadas e reforço da legislação.
“A redução histórica nos incêndios florestais em junho reflete o trabalho estratégico e integrado da Semil, com apoio da Fundação Florestal. Também avançamos na proteção da fauna com protocolos inéditos de resgate”, afirma.
O inverno com mais nebulosidade e chuvas também contribuiu para o resultado, ao reduzir as condições climáticas favoráveis à propagação de fogo.
Mudança na legislação
Neste ano, a Semil implementou mudanças na legislação ambiental, visando coibir queimadas ilegais. Foram estabelecidas punições mais severas para a utilização irregular do fogo em áreas rurais.
A Resolução SIMA 05/2021, que determinou as punições, foi publicada em abril.
A principal mudança apontada pela Semil é a criação de uma multa específica para proprietários rurais que não adotarem medidas preventivas contra incêndios florestais, com valores que variam entre R$ 5 mil e R$ 10 milhões.
A norma também aumenta as penalidades para quem provocar incêndios em áreas produtivas ou vegetação sem autorização, com multas de R$ 3 mil por hectare atingido, podendo dobrar em casos mais graves, como incêndios em terras indígenas.
A legislação anterior previa multa de até R$ 1,5 mil por hectare.
Investimentos e capacitação
Entre os investimentos apontados pelo governo do estado no combate e prevenção às queimadas, a Fundação Florestal destinou R$ 11 milhões iniciais à operação, com contratação de bombeiros civis, aeronaves, aquisição de equipamentos e retirada de vegetação seca em áreas estratégicas.
Já o DER destinou mais de R$ 300 milhões à conservação de rodovias, incluindo ações contra incêndios.
O Corpo de Bombeiros capacitou 1,9 mil agentes e outros 900 estão em treinamento e a Polícia Ambiental reforçou ações de educação e fiscalização.
Até o momento, 3 mil agentes de 600 municípios foram capacitados pela Defesa Civil para integrar a operação.
IG Último Segundo