
Morcego morde rosto de turista e causa dívida de R$ 110 mil
Erica Kahn, de 33 anos, jamais imaginou que uma viagem para contemplar o céu estrelado acabaria em um rombo financeiro. Durante as férias no Parque Nacional Glen Canyon, no Arizona (EUA), a ex-engenheira biomédica foi surpreendida por um morcego que pousou diretamente em seu rosto e, em meio ao susto, parte do animal acabou entrando em sua boca. As informações são do Washington Post.
O episódio bizarro ocorreu em agosto de 2024. Erica, que havia sido demitida pouco antes e estava temporariamente sem plano de saúde, decidiu correr ao hospital para tomar vacinas contra a raiva, mesmo sem ter certeza de ter sido mordida.
Por precaução médica, iniciou imediatamente o tratamento, mas, depois, descobriu que teria que arcar com mais de US$ 20 mil (cerca de R$ 110 mil) em despesas médicas, pois a seguradora privada que contratou após o incidente se recusou a pagar.
“Eu achei que estaria coberta, porque era uma emergência. Liguei antes de contratar o plano e me garantiram isso”, disse. O plano, no entanto, previa um período de carência de 30 dias, que a empresa considerou não cumprido.
Erica recebeu quatro doses da vacina contra raiva em um período de 14 dias, além de três aplicações de imunoglobulina, um medicamento caro, feito a partir do plasma de pessoas vacinadas.
Só no hospital de Flagstaff, no Arizona, o custo chegou a US$ 17 mil (R$ 94.114,55). A seguradora Innovative Partners LP alegou que o tratamento não seria reembolsado por ter sido realizado logo após a contratação do plano.
A ex-engenheira conta que tentou recorrer da decisão. Pediu apoio a médicos, enviou cartas e buscou formas de contestar a negativa, mas não teve retorno.
“Disseram que eu precisaria de um médico para assinar os papéis. Eu consegui, mas depois disseram que o recurso nem chegou até eles”, lamentou.
Segundo especialistas, o plano adquirido por Erica pode ser classificado como “indenizatório fixo”, modalidade que paga valores limitados por atendimento, independentemente do custo real. Esse tipo de cobertura não precisa seguir os padrões de proteção do Affordable Care Act(a “lei do Obamacare”), e não cobre pré-existências nem emergências com retroatividade.
Erica poderia ter optado por continuar no plano da antiga empresa por meio do sistema COBRA, mas desconhecia que teria até 60 dias para aderir com cobertura retroativa.
“É um aprendizado caro”, disse. “Se eu tivesse ativado o COBRA a tempo, todos os custos teriam sido cobertos.”
Apesar do trauma (e da dívida), ela ainda consegue rir da situação.
“Agora eu sei o gosto de um morcego. É algo terroso, adocicado… até seria engraçado, se não fosse pela conta absurda que veio depois.”
IG Último Segundo