
O presidente ucraniano argumentou que os Tomahawk funcionariam como “sanções de longo alcance”
Os mísseis de cruzeiro Tomahawk se tornaram o principal foco da estratégia militar da Ucrânia na guerra contra a Rússia. O presidente Volodymyr Zelensky considera o armamento essencial para alterar o equilíbrio do conflito e intensificar a pressão sobre Moscou.
Entenda: Trump desconversa após pedido de Zelensky por mísseis Tomahawk
O tema dominou a reunião entre Zelensky e o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, realizada na Casa Branca, em Washington, nesta sexta-feira (17).
Com alcance de até 1.600 quilômetros — e variantes que chegam a 2.500 quilômetros —, os Tomahawk superam amplamente os sistemas hoje disponíveis à Ucrânia, como os mísseis Storm Shadow (250 km) e ATACMS (300 km).
Lançados a partir da fronteira ucraniana, seriam capazes de atingir quase qualquer ponto do território russo, incluindo bases militares e centros logísticos.
O objetivo declarado de Zelensky é enfraquecer a infraestrutura que sustenta o esforço de guerra russo e criar condições para negociações de paz em posição de força.
Os Tomahawk voam a baixa altitude, o que reduz a chance de detecção por radares e dificulta a interceptação pelos sistemas antiaéreos russos, como o S-400. Sua velocidade, de cerca de 885 km/h, permite ataques surpresa e aumenta a taxa de sucesso em missões de longo alcance.
Equipados com sistemas de navegação via GPS, têm precisão de até dois metros, o que permite atingir alvos militares específicos, como depósitos de munições e aeródromos, minimizando o impacto fora da área visada.
Além da precisão, o míssil é considerado versátil por poder ser lançado de diversas plataformas. Embora originalmente projetado para navios e submarinos, já pode ser adaptado para lançamentos terrestres por meio de sistemas móveis como o Typhon, formato mais compatível com a realidade ucraniana, que não dispõe de frota naval significativa.
O custo estimado de cada unidade é de US$ 2,5 milhões, e especialistas apontam que uma quantidade considerável seria necessária para gerar impacto estratégico.
Ainda assim, Zelensky defende que o investimento seria compensado pela capacidade de alterar a dinâmica da guerra, permitindo à Ucrânia atingir objetivos antes inalcançáveis.
Reunião

Trump conversou com Zelensky
Na reunião com Trump, Zelensky apresentou os Tomahawk como uma “arma concreta” para forçar o governo de Vladimir Putin a negociar.
Ele propôs uma troca de tecnologia militar — drones ucranianos produzidos em Kiev por mísseis norte-americanos — e sugeriu o uso de ativos russos congelados ou recursos europeus para financiar o fornecimento.
Trump evitou compromisso direto, afirmando que os Estados Unidos “têm muitos Tomahawks”, mas que preferem “acabar com a guerra sem usá-los”.
O presidente americano ressaltou que a mera possibilidade de envio já teria pressionado Putin a aceitar participar de uma cúpula em Budapeste, marcada após uma conversa telefônica entre os dois.
A reunião na Casa Branca foi a sexta entre Trump e Zelensky desde janeiro. Além dos mísseis, os líderes discutiram defesas aéreas, fornecimento energético e garantias de segurança para o inverno.
O encontro ocorreu em meio a um cenário diplomático tenso: Moscou advertiu que o envio dos Tomahawk representaria uma “escalada qualitativamente nova” no conflito, enquanto aliados europeus reforçaram apoio logístico e financeiro à Ucrânia.
IG Último Segundo