
Metsul diz que novas enchentes não são repetição de 2024
Com o Rio Grande do Sul novamente enfrentando inundações e os rios da Grande Porto Alegre em elevação, cresce a preocupação da população diante da possibilidade de uma repetição da tragédia climática vivida no final de abril de 2024.
No entanto, segundo a meteorologista Estael Sias, da MetSul Meteorologia, embora a situação atual seja grave, os dados técnicos indicam um cenário diferente — e menos extremo — do registrado no ano passado.
De acordo com a especialista, as semelhanças entre os dois episódios se concentram em locais específicos. Em algumas áreas do estado, os volumes de chuva dos últimos dias se equiparam aos de abril de 2024, ultrapassando os 500 mm em um curto período.
Porém, na maior parte do território gaúcho, as precipitações foram significativamente menores. Um exemplo claro é a Serra Gaúcha, onde a chuva desta vez ficou na casa dos 200 mm — um número expressivo, mas distante dos milímetros acumulados em alguns pontos no ano anterior.
Sias destaca que, desde antes do início das chuvas, os modelos meteorológicos já apontavam para essa diferença. Apenas a região central do estado apresentou projeções semelhantes às de 2024. Nas demais áreas, inclusive nas bacias que alimentam o Guaíba, os volumes ficaram bem abaixo dos registros históricos mais críticos.
Outro fator determinante está no comportamento dos rios que deságuam no Guaíba: Jacuí, Taquari, Sinos, Gravataí e Caí.
O Jacuí, principal contribuinte, é o único que enfrenta uma cheia de grande porte. Em Cachoeira do Sul, o rio chegou a 26,5 metros — o mesmo nível da enchente histórica de 1941, mas ainda inferior aos mais de 29 metros registrados em 2024. Já o Taquari, que alcançou 33,66 metros em Lajeado no ano passado, agora ficou por volta dos 23 metros. O rio Caí também apresentou uma cheia menor, com pico de 12,9 metros contra 17,6 metros em 2024.
Outros cursos d’água, como o Gravataí e o Sinos, sequer entraram em cota de inundação crítica. O Gravataí, por exemplo, registrou cheia modesta, reflexo de chuvas menos intensas em suas nascentes, e o Sinos apresentou níveis estáveis.
A meteorologista afirma que é justamente o fato de os demais rios não estarem com cheias de grande porte que impede uma catástrofe na Grande Porto Alegre como a de 2024.
Estael ainda reforça que o atual evento é sério e merece atenção, mas é preciso compreender as diferenças estruturais entre os dois episódios. O contexto hidrológico e pluviométrico de 2025 aponta para uma situação crítica localizada, mas sem o mesmo potencial de impacto generalizado verificado em 2024.
IG Último Segundo