
Médico vira réu após bebê sofrer paralisia cerebral em parto de 27 horas
O ginecologista e obstetra, Wesley Timana Yovera, conhecido nas redes sociais como “ doutor Cegonho ”, se tornou réu por lesão corporal após ser acusado de negligência durante um parto que durou 27 horas, em abril de 2022, em Curitiba. As informações são do Fantástico.
O bebê, Luca, sofreu paralisia cerebral grave, e a mãe, Larissa Elias Cardoso Martins, teve complicações graves após o nascimento. A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público do Paraná, que aponta demora excessiva na realização do parto como causa das sequelas permanentes.
Larissa entrou em trabalho de parto na véspera da Páscoa. Segundo os pais, todos os exames anteriores indicavam boa saúde do bebê. No entanto, as contrações se estenderam por mais de um dia, e as dores se tornaram insuportáveis.
Leandro Nogueira Martins, pai de Luca, pediu ao médico que fizesse a cesárea. “ Falei: ‘olha, Wesley, deu. Chega. Eu acho que conheço a Larissa, ela está muito fraca. Acho que é hora de fazer uma cesárea’ ”, disse em entrevista ao programa Fantástico.
Durante o processo, Leandro afirmou ter presenciado uma cena que considerou inaceitável. “ Quando eu abri a porta do banheiro assim, ele estava fazendo aquelas barras de pilates, se pendurando ali e a equipe dando risada. Isso, pra mim, é chocante ”.
A mãe relatou que o médico não encontrou os batimentos cardíacos do bebê e, sem aplicar anestesia, utilizou o fórceps para o parto.
“Luca foi levado imediatamente para UTI neonatal em parada total, sem nenhum batimento cardíaco”, disse Larissa.
O obstetra declarou que optou pelo uso do fórceps porque a cesárea levaria mais tempo. “Esse bebê ia a óbito”, justificou. Ele também alegou que houve atraso no atendimento pediátrico porque não havia leito disponível de emergência no hospital.
Internação e sequelas
Luca ficou internado por 91 dias na UTI neonatal. Segundo os pais, ele sofreu uma lesão cerebral extensa causada por sofrimento fetal prolongado.
“ Luca é uma criança de 3 anos que nunca atingiu nenhum marco de desenvolvimento. Ele não chora. Ele não sorri “, afirmou Larissa.
Além das consequências para o bebê, a mãe também teve complicações após receber alta. Três dias após sair do hospital, precisou ser internada novamente. Exames apontaram rotura uterina ativa e hemorragia interna. Ela passou por uma cirurgia de emergência. “Meu útero estava aberto há oito dias desde o parto”, contou.
Yovera afirmou em entrevista ao Fantástico que orientou Larissa a fazer os exames necessários e manteve contato após a alta.
Processo criminal e investigação no CRM
O médico foi denunciado pelo Ministério Público do Paraná por lesão corporal contra mãe e filho, com base nas consequências do parto prolongado.
Além disso, responde a dois processos no Conselho Regional de Medicina do Paraná por “ causar dano ao paciente, por ação ou omissão ” e por suposta imprudência ao retardar a indicação de cesárea.
A defesa do obstetra declarou, em nota divulgada pelo Fantástico, que a denúncia foi feita sem que ele fosse previamente ouvido, o que teria impedido a apresentação da sua versão. O advogado informou que a equipe entregará provas periciais e documentais para demonstrar a legalidade da conduta adotada.
Pais buscam justiça
Nas redes sociais, o médico divulgava vídeos com linguagem descontraída e ações de marketing voltadas ao atendimento humanizado. “ Ele fazia um marketing de sonho, com muitos mimos, muitos agrados, e isso acabou nos envolvendo ”, relatou Larissa.
A família afirma que busca justiça para evitar que outros passem pela mesma situação. ” Eu espero que o Lucas seja um caminho para mudar a história de outras pessoas. Que ele tenha uma vida feliz, dentro das limitações dele “, disse a mãe.
IG Último Segundo