Laudo aponta “déficit cognitivo” em signatário de acordo da CBF


Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF
Joédson Alves/Agência Brasil

Ednaldo Rodrigues, presidente da CBF

Em  petição enviada ao Supremo Tribunal Federal( STF), a deputada Daniela do Waguinho(União/RJ) apontou que a assinatura de uma das partes do acordo que possibilitou a eleição do então presidente da Confederação Brasileira de Futebol( CBF), não foi realizada “sob plenas faculdades mentais” e que há possibilidade de falsificação.

Um laudo, anexado ao pedido da parlamentar, atesta que Antônio Carlos Nunes de Lima, conhecido como Coronel Nunes, teria “déficit cognitivo”. 

“Ainda em 2023, já existia laudo médico apontando que o sr. Antônio Carlos Nunes de Lima não detinha as condições físicas e cognitivas para expor seu aceite a qualquer condição que lhe fosse apresentada”, argumentou a deputada. 

Laudo anexado à petição da deputada Daniela do Waguinho, encaminhada ao STF Reprodução

Laudo anexado à petição da deputada Daniela do Waguinho, encaminhada ao STF Reprodução

Em fevereiro deste ano, o STF homologou um acordo entre a CBF, cinco dirigentes e a Federação Mineira de Futebol (FMF), em que legitimou a eleição realizada em 2022, na qual Ednaldo Rodrigues foi eleito para o cargo de presidente da Confederação.

O documento encerrou uma disputa judicial, que começou com uma ação civil pública, protocolada pelo Ministério Público do Rio de Janeiro( MPRJ), na Justiça Carioca, em que questionou as mudanças no estatuto eleitoral da entidade. 

Essas mudanças tornariam ilegal o pleito que elegeu Ednaldo Rodrigues. Em 2022, o então presidente da CBF e o MPRJ firmaram um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) que determinou a suspensão da ação judicial. 

Entretanto, em dezembro de 2023, o acordo foi anulado pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro após a 21ª Vara de Direito Privado desconsiderar a validade do documento. Com isso, Ednaldo foi afastado da presidência da CBF.

O caso chegou ao STF e o ministro Gilmar Mendes, relator da ação, concedeu liminar que possibilitou o retorno de Ednaldo Rodrigues ao comando da Confederação. Em seguida, o acordo entre a CBF, os dirigentes e a FMF foi apresentado e, mais tarde, homologado pela Suprema Corte. 

Além do Coronel Nunes, da FMF e da CBF, assinaram o acordo Castellar Neto, Fernando Sarney, Gustavo Feijó e Rogério Caboclo — ex-presidente da entidade, afastado do cargo em 2021 após denúncias de assédio moral e sexual. O documento reconhece a legalidade da Assembleia Geral Extraordinária da CBF e a legalidade da eleição. 

“Considerando que o laudo que aponta a existência de ‘déficit cognitivo’ é de pouco mais de um ano antes da assinatura do acordo impugnado por esta petição e atestado pelo Dr. Jorge Pagura, Chefe do Departamento Médico da Confederação Brasileira de Futebol, demonstra que a própria CBF, que é uma das principais interessadas na homologação do acordo, tinha ciência das limitações cognitivas do sr. Antônio Nunes”, alegou a deputada Daniela do Waguinho.

Sobre isso, a CBF afirmou, por meio de nota divulgada nesta terça-feira, que “ainda não teve acesso formal ao laudo pericial, supostamente assinado por perito particular, que está sendo utilizado de forma midiática e precipitada, em verdadeira espetacularização que atende a interesses nada republicanos e aparentemente questionado por terceiros absolutamente estranhos ao processo”.

“A CBF enfatiza que todos os atos relacionados ao acordo mencionado foram conduzidos dentro da legalidade e com a participação de representantes devidamente legitimados. O processo foi legítimo e teve acordo homologado”, assegurou a entidade. 



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