
Constelação de Órion
Em participação no podcast iG Foi Pro Espaço , transmitido ao vivo nesta quarta-feira (20), o astrofísico e supervisor de astronomia do Planetário Ibirapuera, Marcelo Rubinho, explicou como qualquer pessoa pode aprender a identificar constelações, planetas e outros corpos celestes a olho nu, utilizando como ponto de partida as formações mais conhecidas e as histórias mitológicas associadas a elas para facilitar a memorização.
Segundo o especialista, o segredo é usar constelações fáceis de achar, como Escorpião e o Cruzeiro do Sul, como guias para localizar outras formações no céu, em um processo que se torna mais intuitivo com a prática e o conhecimento das histórias populares que deram origem aos seus nomes.
Para iniciar o reconhecimento do céu, Rubinho sugere o uso de aplicativos como o Stellarium, que funciona como um mapa celeste em tempo real.
O astrofísico explica que, ao contrário do que muitos pensam, uma constelação não é apenas um desenho formado pela ligação de estrelas, mas sim uma das 88 áreas em que a União Astronômica Internacional dividiu oficialmente o céu para facilitar a localização de objetos. ” É um loteamento do céu “, define.

Marcelo Rubinho, astrofísico e supervisor de astronomia do Planetário Ibirapuera, no podcast iG Foi Pro Espaço
As estrelas que compõem uma constelação podem estar a distâncias muito diferentes da Terra e não possuem nenhuma ligação física entre si.
A associação delas em figuras vem do efeito conhecido como pareidolia, a tendência humana de ver padrões e imagens em formas aleatórias. Cada cultura, ao longo da história, criou suas próprias constelações baseadas em suas lendas e cotidiano.
Um exemplo clássico é a constelação de Órion, famosa pelas ” Três Marias ” em seu cinturão. Na mitologia grega, Órion era um caçador gigante que foi morto por um escorpião enviado pela deusa Ártemis. Como resultado, Zeus imortalizou ambos no céu, mas em posições opostas.
” Se você olha pro céu e vê Escorpião, você não vai ver Órion “, explica Rubinho, destacando como uma dica prática que a presença de uma dessas constelações indica a ausência da outra no céu visível.
Navegando pelo céu
O astrofísico recomenda começar a exploração por constelações fáceis de identificar no hemisfério sul, como o Cruzeiro do Sul e Escorpião.
O Cruzeiro do Sul, facilmente reconhecível por seu formato e pela estrela ” intrometida “, que fica um pouco fora do alinhamento da cruz, serve de ponteiro. Próximo a ele, estão as estrelas Alfa e Beta Centauri, que fazem parte da constelação do Centauro. Alfa Centauri é, na verdade, um sistema estelar triplo e o mais próximo do nosso Sistema Solar.
Já a constelação de Escorpião é facilmente identificável por seu formato de anzol e pela brilhante estrela vermelha Antares, que representa o coração do animal. Seguindo a partir dela, é possível encontrar a constelação de Sagitário, que, em vez do arqueiro mitológico, pode ser mais facilmente visualizada pelos observadores modernos como um bule de chá.
Rubinho também desmistifica a prática de ” comprar estrelas “, alertando que se trata de um golpe. Empresas vendem o direito de dar um apelido a uma estrela em seus próprios aplicativos ou catálogos privados, o que não tem nenhum reconhecimento científico ou oficial. “ A União Astronômica Internacional não vai reconhecer “, afirma.
Ele explica que os nomes oficiais são determinados por catálogos astronômicos e seguem padrões, como o uso de letras gregas para indicar o brilho aparente das estrelas dentro de uma constelação.
O quadro iG Foi Pro Espaço é transmitido ao vivo todas as quartas-feiras, às 18h, e traz convidados especialistas em temas ligados ao universo e à exploração espacial.
IG Último Segundo