
Cartaz mostra foto dos 48 reféns ainda prisioneiros do Hamas
Donald Trump apresentou, na semana passada, um plano que prevê o fim da guerra entre Israel e o Hamas e define os próximos passos para a governança e a reconstrução de Gaza. A proposta lista 20 itens, que foram rapidamente aceitos por Israel.
O Hamas, no entanto, levou alguns dias para responder positivamente — não ao plano, mas à decisão de “negociá-lo” com o governo Trump. Dos itens propostos, o grupo concordou com poucos, como o cessar-fogo em troca da retirada do Exército israelense.
“Os líderes do Hamas no Catar chamaram o plano de ‘base para negociação’. Claro que há muitos detalhes de execução a serem discutidos, mas os tópicos em si não são, a princípio, sujeitos à aprovação das partes: o plano está fechado, e essa é a mensagem que o Hamas deveria estar digerindo neste momento” , afirma Yossi Kuperwasser, diretor do Instituto Jerusalém para Estratégia e Segurança.
Pontos-chave
O plano de Trump inclui três pontos cruciais para que Israel aceite finalizar o conflito: a libertação dos 48 reféns ainda em seu poder (de uma só vez), o desarmamento do Hamas e o fim de seu governo no enclave — ou de qualquer outra facção armada que ameace Israel. “Os israelenses têm uma diretriz muito clara, exigindo a garantia de que não haverá mais ataques a partir de Gaza, sejam eles realizados pelo Hamas ou por outra organização”, resume Kuperwasser.
Entre os pontos que interessam aos palestinos está a garantia de que Israel não anexará novos territórios (como desejam alguns ministros do atual governo Netanyahu), será proibida a construção de novos assentamentos israelenses e será permitida a participação de tecnocratas palestinos na futura gestão de Gaza.
O problema é que, para aceitar o acordo, o Hamas precisará arcar com um preço que não está disposto a pagar: a perda do controle sobre Gaza. Enquanto até mesmo o mundo árabe e os dois principais apoiadores do grupo terrorista — Turquia e Catar — se manifestaram favoráveis ao acordo, o Hamas tenta ganhar tempo. Faz isso de forma velada, criando notícias falsas ou duvidosas: nos últimos dias, divulgou que não tem todos os reféns sob seu controle, pois eles estariam sendo mantidos também por outras facções terroristas dentro de Gaza.
Todas as vertentes políticas em Israel apoiaram a proposta. A população israelense também a apoia em peso. Quer ver o pesadelo dos reféns chegar ao fim e a desmobilização de toda a força de reservistas que enfrenta o campo de batalha há dois anos. Também espera, obviamente, ver o término da mais longa guerra já travada por Israel — um conflito que desgastou não apenas o país e sua população, mas também motivou (ou simplesmente despertou) uma terrível onda de antissemitismo pelo mundo.
Mas Israel não se retirará da batalha por qualquer preço. Se a tentativa de acordo falhar, o país conta com três divisões do Exército alocadas ao redor da cidade de Gaza prontas para invadir este último reduto do Hamas. Segundo Kuperwasser, “não queremos que seja assim, mas estamos prontos para isso” .
IG Último Segundo