Guia de sobrevivência no verão


Aeroporto Internacional de IsraelReprodução

As temperaturas em Israel durante o mês de julho e agosto giram em torno dos 30 a 35 graus. Há lugares que em que a coisa vai mais longe, como por exemplo no Vale do Rio Jordão, na área do Mar Morto ou de Eilat, lá na pontinha sul de Israel. Neles, o número sobe fácil, fácil para 38, 40, 42 ou 45 graus, e mantém-se assim por várias semanas. São meses de céu azul, sem uma única nuvem no céu, pontuadas aqui e ali por ondas mais severas de calor.

Para sobreviver a esse clima em plenas férias escolares estressando-se o mínimo possível – lembrando que o número médio de crianças por família é de 3 a 4 (podendo chegar a 12 ou até 15 em famílias ortodoxas) –, o israelense busca soluções. Quando além disso há uma guerra em curso, que exige a presença de dezenas de milhares de pais e mães de família na frente de guerra (na reserva), é preciso uma tremenda flexibilidade, além de muito esforço para não enlouquecer.

O israelense é um povo que sabe usar o espaço público. É aquele tipo que chega à praia com mesa, pratos quentes e bebida gelada; ou que faz festa de aniversário infantil em parques nacionais ou urbanos, em áreas que eles mesmos preparam com balões, atividades etc. Camping também é superpopular. No entanto, bem nessa época do ano em que as crianças estão sem aulas, é quase impossível permanecer exposto ao clima por mais de algumas poucas horas, sem contar aqueles dias em que o governo alerta sobre riscos à saúde por causa da temperatura elevada.

Deus nos acuda

A opção é ficar em espaços fechados – para aqueles israelenses chegados a um shopping center, esta é uma das opções mais práticas e mais enlouquecedoras) para sair de casa, e Israel oferece dezenas deles.  Praias ficam lotadas, assim como piscinas públicas (quase todas as cidades contam com uma ou mais), e são uma alternativa gloriosa que exige muito protetor solar. Haja ouvido para a gritaria emocionada dos pequenos.

Tradicionalmente, os pais tiram algum tempo de férias para ficar com os filhos, uma vez que a figura da babá ou da empregada doméstica inexiste por aqui. Durante o mês de julho até cerca de 10 de agosto (para quem tem condições de pagar depois de dois anos de guerra que afetaram a economia da maioria dos israelenses), ainda é possível contar com atividades de férias privadas – aqui chamadas de keitanot – para os menores. Depois disso, o lazer fica integralmente por conta dos familiares. É um Deus nos acuda.

A última saída: voar

Viajar para o exterior é um vício do israelense que é por natureza superinquieto, e estima-se que, em épocas normais, há sempre um milhão de israelenses viajando pelo exterior, seja a trabalho ou a passeio. A vizinhança pouco amistosa, que inclui Líbano e Síria, além da Jordânia e Egito (com estes dois, Israel tem um frio acordo de paz que não chega a ser convidativo para o israelense comum, ainda mais em tempos atuais), faz com que a Europa seja a opção mais próxima e acessível.  

A busca por destinos no exterior se explica facilmente: Israel é um país minúsculo e, nos últimos anos, suas opções de turismo se tornaram caríssimas, o que faz da Grécia, Chipre e Itália alguns dos exemplos de destinos acessíveis por meio de voos curtos, diretos e low-cost.

As portas do mundo não andam, infelizmente, muito abertas para os israelenses: diferentes tipos de boicotes e ataques estão acontecendo diariamente nos destinos mais improváveis. Se antes o farol amarelo estava acesso em capitais como Paris ou Londres que contam com grandes populações de imigrantes de países hostis a Israel, ele agora está ativo também em outros destinos, como Atenas, Madrid ou Amsterdã. Há de tudo: de agressões físicas a placas em restaurantes dizendo “não aceitamos israelenses aqui”, a hostilidade ficou evidente em muitos destinos.

Nestes últimos cinco dias, por exemplo, mais de 40 crianças judias francesas foram expulsas de um voo na Espanha por estarem cantando em hebraico; em seguida esclareceu-se que o piloto do avião, que “concidentemente” atuou coo instrutor de dois dos terroristas do ataque às Torres Gêmeas em Nova York, em setembro de 2001, foi quem exigiu a retirada dos passageiros. Outro evento curioso: um imigrante sírio em Atenas arrancou um pedaço da orelha de um israelense com uma mordida. Dois bons roteiros de filme sobre racismo.

Estão rolando coisas que até Deus duvida. Assim, se antes os fatores de preço e distância eram os mais estudados na hora de decidir uma viagem, hoje o israelense precisa primeiro escolher lugares em que acredita que se sentirá seguro – e eles estão literalmente sumindo do mapa.   



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