grupo extremista ataca imigrantes na Espanha


Ataques a imigrantes
Reproduão Instagram

Ataques a imigrantes

Durante três noites seguidas, a pacata cidade de Torre Pacheco, cidade agrícola no sudeste da Espanha, foi palco de vandalismo, gritos de ódio, vidros estilhaçados e barricadas. Grupos de extrema-direita tomaram as ruas à caça de imigrantes, especialmente marroquinos, depois que um idoso foi agredido em um incidente ainda sob investigação.

Nas redes sociais, mensagens anônimas convocavam moradores a “fazer justiça com as próprias mãos”. Na prática, isso se traduziu em ataques a bares, comércios e casas de estrangeiros. Lixeiras foram incendiadas, carros apedrejados, e muitos migrantes passaram a noite escondidos, trancados em casa, com medo de morrer. “Era como se a cidade tivesse virado contra nós”, conta Mohamed, 32 anos, trabalhador rural. “A gente não tinha nada a ver com o que aconteceu, mas parecia que só por sermos estrangeiros, já bastava.”, em entrevista a imprensa local.

Vídeos compartilhados nos principais jornais espanhóis, como El Mundo e El País, mostram grupos encapuzados cercando um restaurante, gritando palavras de ordem e jogando pedras. A polícia só conseguiu conter os ataques com apoio de reforços e uso de balas de borracha. Pelo menos nove pessoas foram presas e cinco ficaram feridas, incluindo dois policiais.

“Foi horrível. Me escondi com meus filhos no banheiro”, diz Fátima, mãe marroquina de dois adolescentes. “Eles gritavam que iam limpar a cidade. Eu achei que não íamos sair vivos.”, contou.

O governo local reforçou a segurança. Escolas reduziram o horário. Muitos comerciantes imigrantes não abriram os negócios.

O ministro do Interior, Fernando Grande-Marlaska, culpou os discursos alimentados por partidos da extrema-direita, como o Vox, por fomentarem a hostilidade contra imigrantes.

“Palavras inflamam. Palavras empurram. E depois de certas palavras, vêm as pedras”, disse o ministro em coletiva, sem citar nomes, mas deixando claro o alvo das críticas.

Com cerca de 35% da população formada por imigrantes, Torre Pacheco sempre foi um símbolo de convivência — ainda que nem sempre pacífica. Mas o que se viu nestes dias lembrou os episódios de El Ejido, em 2000, quando distúrbios racistas deixaram um rastro de medo e destruição.

Enquanto a rotina tenta voltar ao normal, muitos seguem com medo. Portas trancadas, vozes baixas, olhos atentos.



IG Último Segundo