
Metalúrgicos da Embraer em assembleia.
Os metalúrgicos da Embraer , em São José dos Campos, no interior de São Paulo, suspenderam a greve, iniciada ontem, e retornaram às atividades nesta quinta-feira (18). Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos e Região, a paralisação chegou ao fim após forte repressão da Polícia Militar, a mando da empresa. A decisão foi tomada em assembleia, realizada na manhã desta quinta, em frente à sede da Embraer.
“Mais uma vez, a Embraer usou forte aparato do Estado para intimidar trabalhadores e reprimir o direito de greve, previsto na Constituição. Em vez de negociar com o Sindicato, a empresa prefere agir na base do assédio. Além de chamar a PM, desde o início da greve, lideranças da fábrica coagem os metalúrgicos, por mensagens e ligações, para barrar o movimento, que é legítimo. Mas ninguém abaixou a cabeça”, declarou o diretor do sindicato, Hebert Claros.
Hebert ainda ressaltou que a greve está suspensa, mas não chegou ao fim.
“Até porque a Embraer tem condições de atender às reivindicações dos trabalhadores. A empresa está em um ótimo momento, com recordes de lucro. Além disso, recebe incentivos do Governo Federal.”
Em nota enviada ao Portal iG, a Polícia Militar informou que foi acionada para a manifestação e, ao chegar ao local, deparou-se com cerca de 100 funcionários da empresa, que impediam a entrada dos trabalhadores que não aderiram ao ato.
“Após a chegada da equipe policial, as partes envolvidas foram orientadas e os funcionários não grevistas foram liberados para seguir com suas atividades. Os manifestantes, por sua vez, permaneceram no local, e a manifestação seguiu de forma pacífica, sem o registro de detidos e feridos. A Corregedoria da Instituição permanece à disposição para registrar e apurar denúncias.”
Procurada, a Embraer afirmou que não houve paralisação das operações na fábrica de São José dos Campos.
“As fábricas da Embraer operam normalmente em todo o Brasil. A Embraer respeita todos os direitos dos colaboradores e estranhou a ação do Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos ontem, na unidade Ozires Silva, que visa cercear o direito constitucional de ir e vir, tendo em vista que as negociações da data-base estão em andamento junto à Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP).”
A empresa afirmou que já negociava os reajustes salariais dos profissionais da categoria.
“A FIESP, que representa o grupo patronal do setor aeronáutico nas negociações referentes à data-base 2025, apresentou no dia 16 de setembro, proposta de reajuste salarial de 5,5% (valor acima da inflação do período) e aumento de 12,5% do vale-alimentação para colaboradores com salários de até R$ 11 mil.”
Segundo a nota, as negociações no âmbito da FIESP continuam em andamento com todos os sindicatos que representam os colaboradores no Estado de São Paulo.
Segundo o sindicato, os metalúrgicos definiram uma nova proposta para as negociaçõe, que será apresentada nesta quinta-feira e inclui reajuste salarial de 9,5%, vale-açimentação de R$ 1.000 e a assinatura da convenção coletiva sem perda de direitos.
IG Último Segundo