EUA não descartam mais sanções à Rússia para encerrar guerra


JD Vance, vice-presidente dos Estados Unidos
Gage Skidmore/Flickr

JD Vance, vice-presidente dos Estados Unidos

O vice-presidente dos Estados Unidos, JD Vance, disse, neste domingo (24), que a Rússia fez “concessões significativas” nas negociações para encerrar a guerra com a Ucrânia.

No entanto, ele não descartou impor mais sanções para pressionar o Kremlin a buscar a paz. As informações são da ABCNews.

Em uma entrevista exibida na NBC, Vance foi questionado se a Rússia está enganando o presidente Donald Trump.

Na última segunda-feira (18), o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, e o presidente Trump se reuniram na Casa Branca, em Washington, juntamente com líderes europeus, para debater uma saída para o fim da guerra.

Na ocasião, eles anunciaram a realização de uma reunião trilateral, com a participação do presidente russo Vladimir Putin. Trump disse que o presidente russo também quer a paz e que, por isso, já ia iniciar os contatos com o presidente russo para marcar essa reunião.

Ao ser questionado sobre a intenções de Putin, Vance respondeu que não acha que os russos estariam enganando Trump e afirmou que eles têm sido “flexíveis” em algumas de suas exigências.

“Acho que os russos fizeram concessões significativas ao presidente Trump pela primeira vez em três anos e meio deste conflito. Eles realmente se mostraram dispostos a ser flexíveis em algumas de suas principais demandas. Eles conversaram sobre o que seria necessário para encerrar a guerra” , disse.

O vice acrescentou que os Estados Unidos estão se engajando neste “processo diplomático de boa-fé”.

“Às vezes sentimos que fizemos um grande progresso com os russos e, às vezes, como o presidente disse, ele ficou muito frustrado com os russos”, continuou Vance.

Rejeição ao cessar-fogo

O vice-presidente foi pressionado a explicar por que acredita que a Rússia quer buscar a paz, já que rejeitou a proposta de cessar-fogo apresentada por Trump e que ainda não há nenhuma reunião marcada entre Putin e Zelenskyy.

“Bem, eu não disse que eles cederam em tudo, mas o que eles cederam foi o reconhecimento de que a Ucrânia terá integridade territorial após a guerra. Eles reconheceram que não serão capazes de instalar um regime fantoche em Kiev. Essa era, claro, uma grande exigência no início. E, mais importante, eles reconheceram que haverá alguma garantia de segurança para a integridade territorial da Ucrânia”, alegou.

Mais sanções

Vance disse que mais sanções contra a Rússia são possíveis, mas essas decisões serão tomadas caso a caso.

“Não, sanções não estão descartadas. Mas vamos tomar essas decisões caso a caso. O que achamos que realmente exercerá o tipo certo de influência para trazer os russos à mesa de negociações?”, disse Vance.

Respeito

Em outra entrevista, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergey Lavrov, foi questionado sobre o que diria aos legisladores dos EUA que acusaram a Rússia de enganar Trump.

Lavrov disse que a Rússia respeita o presidente dos EUA.

“Não cabe aos legisladores ou a qualquer meio de comunicação decidir o que motiva o presidente Trump. Nós respeitamos o presidente Trump porque ele defende os interesses nacionais americanos”, disse Lavrov.

O ministro das Relações Exteriores russo disse que são os líderes europeus que se encontraram com Trump e Zelensky na semana passada em Washington, e não Putin, que são um impedimento para se chegar a um acordo de paz.

“E tenho motivos para acreditar que o presidente Trump respeita o presidente Putin, porque ele defende os interesses nacionais russos. E tudo o que eles discutem entre si não é segredo. Queremos paz na Ucrânia. Ele quer, o presidente Trump quer, paz na Ucrânia. A reação à reunião de Anchorage, à reunião em Washington desses representantes europeus e o que eles estavam fazendo depois de Washington indica que eles não querem a paz.”

Lavrov disse também à NBC que não há reunião agendada entre Putin e Zelenskyy, como Trump vem insistindo, dizendo que é preciso haver uma agenda antes que qualquer coisa seja finalizada.

Para Zelensky, Rússia não quer paz

Zelenskyy disse na sexta-feira (22) que não haverá reunião entre os presidentes, porque a Rússia não quer acabar com a guerra.

“A questão não é apenas a reunião. A questão é que eles não querem acabar com a guerra. Uma reunião bilateral é um dos componentes de como acabar com a guerra. Não é tudo, é um dos componentes. E como eles não querem acabar com a guerra, eles vão buscar espaço para isso. E esse espaço precisa ser reduzido. Estados Unidos e Europa, unidos, reduzem esse espaço para a guerra”, disse.

Garantias de segurança

Na última semana, na Casa Branca, autoridades de defesa dos EUA e da Europa discutiram garantias de segurança para a Ucrânia para evitar novas agressões russas, mas poucos detalhes foram divulgados.

O secretário-geral da OTAN, Mark Rutte, esteve na Ucrânia na sexta-feira (22) para estabelecer uma estrutura de garantias de segurança para a Ucrânia com Zelenskyy.

“O primeiro passo é tornar as forças armadas ucranianas o mais fortes possível para defender este orgulhoso país e nação no futuro”, disse Rutte, afirmando que isso aconteceria após um acordo de paz ou “cessar-fogo de longo prazo”.

E acrescentou: “E a segunda camada tem que ser as garantias de segurança fornecidas pela Europa e pelos Estados Unidos.”

Vance reafirmou os comentários anteriores de Trump de que não haverá tropas americanas em solo ucraniano como parte das garantias de segurança.

“Mas continuaremos a desempenhar um papel ativo para garantir que os ucranianos tenham as garantias de segurança e a confiança necessárias para interromper a guerra”, disse ele.



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