Erros que a Globo admitiu em 60 anos de história


William Bonner em retratação a imagens veiculadas de tanque atribuído a Rússia em ação.Globo/Reprodução

Em 60 anos desde sua fundação em 1965, a TV Globo reconheceu oficialmente falhas que marcaram a história do jornalismo e da gestão da empresa em diversos episódios de sua história.

Confirmações públicas revelaram que a cobertura apressada do Caso Escola Base, em março de 1994, resultou em retratação em 2022, a partir do erro por parte do repórter responsável; o Jornal Nacional, em abril de 2015, pediu desculpas pela edição desigual do debate presidencial de 1989, em que privilegiou Fernando Collor; em fevereiro de 2022, imagens de um tanque de guerra russo foram veiculadas sem confirmação, levando à retratação de William Bonner; e, em agosto de 2024, a direção da emissora reconheceu que o investimento exagerado no Globoplay durante a pandemia gerou prejuízos significativos.

Estas admissões acontecem tanto em editoriais e telejornais quanto em eventos do setor de mídia, refletindo avaliação interna dos impactos de cada episódio. Confira mais detalhes:

Investimentos na Globoplay durante a pandemia

A Globo reconheceu que, durante a pandemia, direcionou recursos excessivos ao Globoplay e acabou registrando perdas financeiras, em detrimento dos seus canais lineares pagos e da própria TV aberta.

O reconhecimento do erro foi feito em agosto de 2024 por Paulo Marinho, presidente da Globo, no PayTV Fórum, evento voltado ao setor de TV por assinatura.

Edição de debate político entre Collor e Lula

A Globo reconheceu, em um especial de 60 anos exibido pelo Globo Repórter, que cometeu um equívoco ao editar o debate presidencial de 1989 entre Fernando Collor e Luiz Inácio Lula da Silva, concedendo mais tempo de fala a Collor e influenciando o resultado favorável ao então candidato.

O programa, exibido em 25 de abril de 2025, exibe um trecho em que William Bonner explicou o caso: “A Globo reconheceu o erro de tentar editar um debate político (…) e os textos e vídeos que esclarecem esse episódio, com uma grande riqueza, estão disponíveis também no site do Memória Globo”.

Globo Repórter relembra edição de debate nas eleições de 1989Globo/Reprodução

O episódio foi revisto como um aprendizado histórico para o jornalismo da emissora, reforçando a importância de transparência na seleção e apresentação de conteúdo político.

Imagem de tanque de guerra atribuído a Rússia

O Jornal Nacional admitiu ter cometido um erro ao identificar como russo o tanque que atropelou um carro em Kiev, em reportagem de 25 de fevereiro de 2022, depois de constatar que não havia evidências sólidas para sustentar essa afirmação.

William Bonner reconheceu que a apuração inicial precisava de mais informações, ao repercutir incorretamente o episódio. A retratação reforça a importância de checagem rigorosa de imagens e informações, sobretudo em cenários de conflito.

No #JornalNacional, William Bonner pede desculpas por erro cometido pelo telejornal ao afirmar q motorista de tanque jogado contra carro de ucraniano, era russo.

Mesmo após apurações, ñ se chegou à conclusão de q o motorista do carro de guerra era da Rússia 👁👁 #JN

(🎥 Globo) pic.twitter.com/LOc8tMzzKb

— RD1 (@rd1oficial) March 22, 2022

Escola Base

O repórter responsável pela cobertura do caso admitiu o erro no documentário “Escola Base – Um repórter enfrenta” do Globoplay, lançado em 2022.

O caso envolveu a acusação infundada de abuso sexual contra o casal proprietário da Escola Base, em São Paulo, e outras quatro pessoas, baseada em denúncias de duas mães, que levou à prisão preventiva dos acusados antes de qualquer prova concreta.

Cena do documentário ‘Escola Base – Um repórter enfrenta’G1

A imprensa repercutiu amplamente as suspeitas sem ouvir devidamente a defesa, resultando em pichação do prédio, ameaças de morte e destruição da reputação dos envolvidos.

Após cerca de três meses, com a troca de delegado e a conclusão das investigações, todos foram inocentados por falta de evidências e o inquérito foi arquivado, deixando uma marca duradoura como exemplo dos riscos de falta de apuração detalhada no jornalismo.



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