Através de um decreto legislativo, aprovado pelos deputados, o então governador Adhemar de Barros, mudou em 1948 a divisa de Caraguatatuba com São Sebastião; consta que, na época, os moradores das duas cidades não foram consultados sobre a alteração
Por Salim Burihan
Em 1948, o então governador Adhemar de Barros, através de um decreto legislativo de autoria do deputado Diógenes Ribeiro de Lima, alterou os limites entre as cidades de São Sebastião e Caraguatatuba.
Com isso, a “divisa” que ficava na ponte sobre o rio Juqueriquerê (Foto) passou para o rio Perequê-Mirim, a 3 quilômetros de distância, em direção ao município sebastianense, com Caraguatatuba incorporando várias áreas onde hoje estão os bairros do Porto Novo, Travessão, Pegorelli e Perequê-Mirim, entre outros.
Desde 1636, o Rio Juqueriquerê era o ponto de divisa entre os municípios de São Sebastião e Caraguatatuba. 312 anos depois, a partir de 1948, o limite entre as duas cidades foi alterado por decreto legislativo aprovado pelos deputados, a divisa passou a ser o Rio Perequê-Mirim.
A alteração do limite entre as duas cidades causou muitas reclamações por parte dos sebastianenses. Em 89, vereadores sebastianenses chegaram a promover um abaixo assinado entre os moradores para que a Assembleia Legislativa de São Paulo revertesse a decisão tomada pelos deputados em 1948 retornando a divisa para o rio Juqueriquerê como era antes.
O movimento idealizado por vereadores e moradores não chegou a sensibilizar os deputados. Não deu em nada. “Foi tudo feito lá por cima sem qualquer consulta aos moradores das duas cidades”, comentou em 1991, o então vereador sebastianense Luiz Leite Santana.
Na época, acompanhei o movimento iniciado pelos moradores. O objetivo dos habitantes dos bairros da divisa era ver seus bairros incorporados novamente ao município de São Sebastião, para poderem usufruir dos serviços básicos (saúde e educação) oferecidos pela prefeitura sebastianense, que na época tinha um dos maiores orçamentos da região, devido ao movimento de petróleo no Terminal Marítimo (Tebar). Os serviços básicos oferecidos pela prefeitura de Caraguatatuba, naquela época, eram bastante precários na região.
Até hoje, permanece um mistério o motivo pelo qual o então governador Adhemar de Barros alterou os limites entre as duas cidades. Existe apenas uma versão. Segundo consta, o deputado Diógenes Ribeiro de Lima, que tinha sua base eleitoral em Caraguatatuba e casa de veraneio na cidade, teria recebido uma informação de que uma grande empresa iria investir na região do Porto Novo, que na época pertencia ao município de São Sebastião.
Diógenes teria convencido o governador a alterar os limites para que a cidade de Caraguatatuba obtivesse as vantagens que o empreendimento poderia gerar. Alguns anos depois, o próprio Adhemar de Barros comprou a Fazenda Lacta, no Porto Novo, onde passou a cultivar cacau para a sua fábrica de chocolates. Consta que na década de 60 a fazenda foi desativada.
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