
Rui Costa, ministro da Casa Civil, em entrevista ao Roda Viva
Em entrevista ao Roda Viva, nesta segunda-feira (07), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que Trump não deve opinar sobre o Judiciário brasileiro e afirmou que Lula enfrentará “50 tons de Bolsonaro” em 2026.
Diante das ameaças de Donald Trump tanto ao Brics quanto a situação de Jair Bolsonaro, o ministro da Casa Civil Rui Costa comenta as respostas do presidente Lula ao americano: “Não vai ser ameaça de um ou outro país que vai conter o avanço brasileiro”. #RodaViva pic.twitter.com/yY5zC26tK4
— Roda Viva (@rodaviva) July 8, 2025
Trump havia pedido, em sua rede social Truth Social, que o Brasil “ deixasse Bolsonaro em paz ”, chamando o ex-mandatário de “ líder forte ” e criticando o andamento de processos judiciais.
Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) e responde por cinco crimes relacionados à tentativa de golpe de Estado: abolição violenta do Estado Democrático de Direito, tentativa de golpe de Estado, organização criminosa, dano qualificado ao patrimônio da União e deterioração de patrimônio tombado.
Costa classificou como adequada a reação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) às declarações de Trump.
Segundo o ministro, “o que o presidente fez, como qualquer presidente de uma nação soberana teria que fazer, foi dizer ao presidente dos Estados Unidos que aqui tem lei, aqui tem uma suprema corte que define de forma autônoma os processos judiciais ”.
“ Não cabe ao presidente de outra nação entrar e opinar sobre a atuação do judiciário, muito menos ameaçar países com tarifas. O Brasil é livre para fazer relações comerciais com outros países ”, completou o ministro.
Lula também se pronunciou sobre a publicação de Trump, que descreveu a situação de Bolsonaro como uma “ caça às bruxas ”.
O presidente brasileiro reafirmou a autonomia do país e a legitimidade de suas instituições. “ A defesa da democracia no Brasil é um tema que compete aos brasileiros. Somos um país soberano. Não aceitamos interferência ou tutela de quem quer que seja. Possuímos instituições sólidas e independentes. Ninguém está acima da lei (…) Esse país tem lei, esse país tem regra, esse país tem um dono chamado povo brasileiro ”, declarou.
Rui Costa sobre as eleições de 2026
Ao ser questionado pela jornalista Renata Agostini, de O Globo, sobre os possíveis nomes da direita na disputa presidencial de 2026, Rui Costa afirmou que todos os adversários representam variações do bolsonarismo.
“ Na política, já dá trabalho organizar o seu time. Se você quiser organizar o time adversário, a chance de sucesso é menor. No ano que vem, o presidente Lula irá enfrentar ‘ 50 tons de Bolsonaro’. Todos os candidatos da direita são variações do Bolsonaro. São diferenças e nuances de um mesmo tom ”, disse o ministro, ao mencionar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, entre os nomes cotados.
Ministro comenta taxa de juros e rombo fiscal
Durante o programa, Rui Costa também abordou o cenário econômico atual e o impacto da taxa de juros no país.
Segundo ele, a elevação dos juros está ligada às projeções de mercado, mas os indicadores econômicos já apontam para uma melhora no segundo semestre.
“ Os juros são altos, principalmente os juros futuros, que se projetam pela expectativa futura. Se nossa expectativa e a verdade se materializar, por todos indicadores econômicos, haverá um declínio no segundo semestre, dado a robusta melhoria de todos os indicadores. O dólar está caindo, a inflação está caindo de forma acelerada, inclusive a inflação de alimentos está em queda ”, afirmou.
O ministro também responsabilizou o governo anterior pelo cenário fiscal que a atual gestão precisou enfrentar. “ Nós herdamos um rombo fiscal gigantesco. No ano de 2022 não foi pago pelo governo o precatório de R$ 93 bilhões, ou seja, o governo anterior deixou de pagar um precatório que é obrigação legal, e essa conta quem teve que honrar fomos nós. Tivemos ao longo desses dois últimos anos que colocar as contas públicas em ordem, cumprimos as metas em 2023 e 2024 .”
Costa encerrou destacando que o presidente Lula não abre mão do equilíbrio fiscal, aliado à inclusão social, ao desenvolvimento e ao crescimento do país.
IG Último Segundo