Dia Internacional das Florestas e a queda do desmatamento na Amazônia


Somente a queda do desmatamento é motivo para comemorar o Dia Internacional das Florestas?
Divulgação/Polícia Federal

Somente a queda do desmatamento é motivo para comemorar o Dia Internacional das Florestas?

Mesmo os maiores negacionistas não têm como ignorar a importância reguladora das florestas na redução dos impactos do aquecimento global e nas condições hídricas e energéticas do país. Além disso, também são fontes de alimentos, medicamentos e matérias-primas. Mais de um bilhão de pessoas dependem diretamente delas. Aqui no Brasil, as comunidades mais harmonizadas com esses biomas são os povos indígenas, ribeirinhos e indivíduos que vivem de forma sustentável através de ações extrativistas sustentáveis.  

A frase “é mais vantajoso manter a floresta intacta do que derrubá-la”, que costumava parecer um grito de guerra da militância ecológica, hoje é aceita por todos os setores da sociedade como realidade.

Devido aos esforços do governo atual e à pressão de grande parte da sociedade, o  desmatamento da Amazônia
teve, em fevereiro, o seu 11º mês consecutivo de redução. O primeiro bimestre deste ano registrou a menor taxa de dos últimos seis anos, desde 2018. Diante desse cenário, há muito a ser elogiado, mas não celebrado. A diminuição, embora sem precedentes, ainda exige atenção, considerando que as derrubadas continuam acontecendo, mesmo que reduzidas.

Estados reprovados

Em outras palavras, ainda há muito trabalho a ser feito nesse sentido. Conforme o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon, apesar da redução de 63% em comparação ao ano anterior, a destruição ainda exercida equivale a 523 quilômetros quadrados, o equivalente a cerca de 327 campos de futebol sendo devastados diariamente!

Em nove estados da Amazônia Legal, dois deles merecem puxões de orelha: Maranhão com aumento destrutivo em 150%, enquanto Roraima de 37%. Diante desse quadro, é de extrema importância chamar atenção para o Dia Internacional das Florestas
, em 21 de março, criado pela ONU para conscientizar sobre a importância desses biomas para o planeta e a manutenção de nossas vidas.

Floresta da Tijuca: primeiro reflorestamento da história

A proposta de reflorestamento é uma tentativa de mitigar os impactos dos estragos. Apesar de parecer uma descoberta recente, o conceito é antigo. Um dos exemplos mais conhecidos mundialmente é a história da Floresta da Tijuca. Enfrentando um forte calor e a escassez de fontes de água que abasteciam o império, fez com que Dom Pedro desapropriasse as terras devastadas e ordenado o replantio para garantir a sobrevivência da cidade do Rio de Janeiro, então capital do Império.

De acordo com a ONU, a restauração pode contribuir significativamente para mitigar os atuais efeitos sofridos pela mudanças climáticas e melhorar a segurança alimentar. Além de ser uma compensação ambiental e uma tentativa de reequilíbrio, o reflorestamento também vem impulsionando a economia. O setor florestal emprega mais de 33 milhões de pessoas em todo o mundo.

Iniciativas

A Startup Abundance Brasil encontrou na tecnologia uma forte aliada para acelerar processos de reflorestamento e descarbonização. Recentemente, concluiu o plantio de 100 mil árvores na Floresta Aurora Verde, em Cana Verde, Minas Gerais, como parte de seu objetivo de chegar a 1 bilhão de mudas em diversas regiões brasileiras.

“A Mata Atlântica é um patrimônio natural do Brasil, porém, é um dos biomas mais ameaçados do país. Com esse novo plantio na Floresta Aurora Verde, estamos reafirmando nosso compromisso de contribuir para a recuperação desse importante ecossistema, trazendo mais vida e equilíbrio para a região”, destaca Pedro Miranda, CEO e fundador da Abundance Brasil.

A BioEnergia adquiriu máquinas inéditas no Brasil para mecanizar o plantio de florestas renováveis, oferecendo mais eficiência durante o processo, economizando água e possibilitando o trabalho contínuo, mesmo em períodos chuvosos.

“O processo que antes era 90% mecanizado voltou a ser manual, pois não havia máquinas capazes de realizar o plantio durante períodos chuvosos. Além disso, a escassez de mão de obra temporária evidenciou a necessidade de inovação, buscando equipamentos capazes de trabalhar mesmo durante o período chuvoso”, explica Edimar de Melo Cardoso, diretor de Operações da empresa.

Incentivos do Governo

O BNDES e o Banco Interamericano de Desenvolvimento mantêm um acordo de cooperação para estruturar projetos de utilização sustentável de florestas e parques. Entre as principais ações está a preservação da Bacia Amazônica. Esse conjunto de projetos engloba unidades de conservação com potencial para o desenvolvimento de manejo, como a Floresta Nacional do Jamanxin – no Pará, e a Floresta Nacional de Anauá – em Roraima. No que diz respeito ao turismo sustentável, dois parques no Amazonas recebem atenção especial: o Parque Nacional de Anavilhanas e o Parque Nacional do Jaú.

“É crucial avançar na implementação de mecanismos para preservar as florestas e parques brasileiros, e as parcerias desempenham um papel fundamental nesse sentido. Por meio dessa nova cooperação, o BNDES e o BID trabalharão em conjunto com o Serviço Florestal Brasileiro (SFB) e o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) para promover o desenvolvimento sustentável na Amazônia”, destacou Nelson Barbosa, diretor de Planejamento e Estruturação de Projetos do BNDES.

Este é o segundo acordo firmado entre o BNDES e o BID para projetos de parcerias público-privadas (PPPs) na Amazônia, com o objetivo de promover a conservação florestal e o desenvolvimento local. Em 2021, as duas instituições estabeleceram uma parceria para mobilizar US$ 600 mil (aproximadamente R$ 3 milhões) para estruturar concessões de florestas no Estado do Amazonas.



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