DF tem uma das menores rotatividades de médicos na Atenção Primária, mas cobertura vacinal ainda está abaixo da meta


O Distrito Federal registrou uma das menores taxas de saída de médicos da Atenção Primária à Saúde (APS) entre 2022 e 2024. O percentual médio nacional de r otatividade foi de 33,9%, mas regiões com maior Produto Interno Bruto (PIB) per capita, como o DF, São Paulo e Rio de Janeiro, apresentaram índices mais baixos.

O dado faz parte de um levantamento divulgado nesta segunda-feira (2) pela organização Umane e pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre). A pesquisa reuniu informações de todas as unidades da federação e destacou uma tendência: locais com menor PIB têm maior dificuldade em reter profissionais da saúde.

Para os pesquisadores, a alta rotatividade impacta diretamente a qualidade do atendimento. A médica de família e pesquisadora do FGVsaúde, Marcella Abunahman, afirma que a troca constante de profissionais rompe vínculos com pacientes e dificulta a continuidade do cuidado.

“É preciso pelo menos um ano para começar a conhecer o paciente e criar uma relação. A saída precoce prejudica todo o processo”, explica.

Apesar do melhor desempenho em rotatividade, o Distrito Federal não alcançou a meta de cobertura vacinal para crianças menores de 1 ano. O índice ficou em 87%, abaixo da referência de 95% do Ministério da Saúde. O DF aparece ao lado de Alagoas entre os estados com os maiores percentuais, mas ainda insuficientes.

O estudo também mostra que o Centro-Oeste, região onde está o DF, ficou abaixo da média nacional de internações por condições sensíveis à APS, 19%, ante 20,6% no país. Esses dados indicam uma capacidade razoável de resolver problemas de saúde antes que evoluam para quadros mais graves que exigem hospitalização.

Além da rotatividade, o levantamento destaca outros desafios da Atenção Primária, como o rastreio de doenças crônicas, a cobertura de consultas para gestantes e a solicitação de exames preventivos. O objetivo, segundo os autores, é oferecer um panorama que ajude gestores a identificar falhas e buscar soluções com base em dados concretos.

A base de dados utilizada no estudo inclui informações do Datasus, Sisab, Vigitel, Sisvan, e-Gestor AB, Ipeadata e IBGE/Sidra. O painel completo está disponível no Observatório da Saúde Pública.



IG Último Segundo