Geleira na Groenlândia
Um estudo publicado nesta terça-feira (20) revelou que as gigantescas camadas de gelo da Antártida e Groenlândia estão derretendo mais rápido do que se imaginava devido ao aquecimento global, com riscos de elevação catastrófica do nível do mar .
Pesquisadores das universidades de Bristol(Reino Unido), Massachusetts Amherst(EUA) e Durham(Reino Unido) analisaram dados de satélites e alertaram que, atualmente, essas regiões perdem cerca de 370 bilhões de toneladas de gelo por ano, quadruplicando a taxa dos anos 1990.
Se as emissões de gases de efeito estufa continuarem no ritmo atual, o derretimento poderá elevar os oceanos em dezenas de metros, inundando áreas costeiras e desalojando milhões de pessoas.
O estudo foi publicado na revista Communications Earth and Environment.
O que são camadas de gelo?
Camadas de gelo são massas glaciais terrestres que cobrem mais de 51,8 mil quilômetros quadrados.
Segundo o National Snow and Ice Data Center (NSIDC), apenas duas existem hoje: uma na Groenlândia e outra na Antártida.
Juntas, elas concentram mais de 99% do gelo terrestre e 68% da água doce do planeta.
Geleiras na Groenlândia
Impactos no nível do mar
O derretimento acelerado já está contribuindo para o aumento global do nível do mar, conforme dados do NSIDC.
Jonathan Bamber, coautor do estudo, destacou:
“Observações recentes por satélite foram um alerta urgente para a comunidade científica e política sobre os impactos dessa elevação”.
Se o ritmo atual persistir, partes dessas camadas podem entrar em colapso irreversível, mesmo que o planeta retorne às temperaturas pré-industriais.
Recuperação levaria milênios
A pesquisa indica que, mesmo com a redução das emissões, a regeneração do gelo perdido levaria centenas a milhares de anos.
Rob DeConto, da Universidade de Massachusetts, ressaltou:
“Terras perdidas para o mar sumirão por um tempo muito, muito longo. Por isso, limitar o aquecimento é essencial”.
Meta de temperatura ainda mais ambiciosa
O estudo sugere que o limite seguro para evitar perdas massivas de gelo seria 1°C acima dos níveis pré-industriais, abaixo do já difícil objetivo de 1,5°C discutido globalmente.
Chris Stokes, líder da pesquisa, afirmou:
“Há evidências de que 1,5°C é alto demais para as camadas de gelo. Perdas recentes são alarmantes até sob o clima atual”.
Em 2023, o planeta ultrapassou temporariamente a marca de 1,5°C, aumentando preocupações.
COP30 e o contexto global
A COP30, 30ª Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, que ocorrerá em 2025 no Brasil, surge como palco crucial para enfrentar desafios como o acelerado derretimento das geleiras.
O evento reunirá líderes mundiais, cientistas e sociedade civil para discutir redução de emissões, financiamento climático a países pobres, transição para energias renováveis e justiça climática, entre outros temas.
O Brasil, anfitrião, deve destacar sua expertise em preservação florestal, agricultura sustentável e matriz energética limpa, além de mediar consensos entre nações.
A conferência dará sequência ao Acordo de Paris(COP21), reforçando a meta de limitar o aquecimento a 1,5°C – objetivo ameaçado, segundo o estudo sobre as geleiras.
As discussões também avaliarão avanços desde a COP29 (2024) e pressionarão por ações concretas para frear impactos irreversíveis, como a elevação catastrófica dos oceanos.
IG Último Segundo