Deputada diz que acionará Conselho de Ética contra Kim Kataguiri


Kim Kataguiri e Célia Xacriabá tiveram forte discussão na Câmara
Montagem/ Redes Sociais

Kim Kataguiri e Célia Xacriabá tiveram forte discussão na Câmara

A deputada federal Célia Xakriabá(PSOL) anunciou que acionará o Ministério Público Federal(MPF) e o Conselho de Ética da Câmara dos Deputados contra o deputado Kim Kataguiri(União Brasil).

A medida foi motivada por uma troca de acusações durante a sessão  que aprovou o projeto de lei que altera as regras de licenciamento ambiental, na madrugada desta quinta-feira (17).

O texto foi aprovado por 267 votos a 116. A sessão foi marcada por embates entre parlamentares ligados às pautas ambientais e indígenas e membros da bancada ruralista.

Kim Kataguiri afirmou que a oposição ao projeto seria motivada por interesses financeiros, citando que comunidades indígenas teriam recebido benefícios como picapes, gado e dinheiro na construção da Usina de Belo Monte.

Xakriabá reagiu dizendo que Kataguiri não teria legitimidade para opinar sobre questões indígenas.

No plenário, referiu-se ao colega como “deputado estrangeiro” e “deputado reborn”. Segundo ela, o deputado deveria “pedir perdão para os povos indígenas”.

Em resposta, Kataguiri ironizou o cocar com penas de pavão usado por Xakriabá. Afirmou que o pavão é um animal asiático e que a deputada estaria “fazendo cosplay”.

Parlamentares consideraram a fala uma tentativa de deslegitimar a identidade indígena da deputada. Xakriabá classificou o comentário como “racismo televisionado” e disse que tomaria providências legais.

A discussão verbal entre os dois parlamentares levou à intervenção da Polícia Legislativa por volta das 2h30.

O presidente da sessão, Hugo Motta (Republicanos), cortou o microfone de Xakriabá por duas vezes e solicitou a presença da polícia para conter os ânimos. Ele afirmou que o caso será analisado e que não aceitará desrespeito entre os parlamentares.

Coletiva da deputada

Célia Xakriabá, deputada do PSOL eleita em Minas Gerais
Centro de Documentação Eloy Ferreira da Silva

Célia Xakriabá, deputada do PSOL eleita em Minas Gerais

Na tarde de hoje, a deputada afirmou que apresentará denúncia ao MPF por crime de racismo e representação ao Conselho de Ética por conduta incompatível com o decoro parlamentar.

Disse ainda que foi vítima de violência política de gênero e que o ataque ocorreu por ela ser uma mulher indígena.

Repercussão

A deputada Sâmia Bomfim (PSOL-SP) relatou que Xakriabá já vinha sendo provocada por causa do cocar em outras ocasiões.

Rodolfo Nogueira (PL-MS) também comentou ironicamente as penas do adorno, questionando se houve licenciamento ambiental para o abate do pavão.

Erika Kokay (PT-DF) e Talíria Petrone (PSOL-RJ) manifestaram apoio a Xakriabá. Kokay afirmou que a deputada foi humilhada publicamente. Petrone disse que não aceitará silenciamento nem ataques à ancestralidade.

O Greenpeace Brasil também divulgou nota de solidariedade, repudiando o episódio e destacando a importância da presença indígena no Congresso.

Kataguiri negou conotação racista. Disse que Xakriabá o chamou de “estrangeiro” por sua ascendência japonesa e que sua resposta foi uma reação à provocação.

Afirmou que a reação da deputada teve como objetivo obstruir a votação do projeto de licenciamento ambiental.



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