
René confessou o crime durante interrogatório
O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, demonstrou arrependimento e está muito abalado após passar dias preso pelo assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44, em Belo Horizonte. Segundo seu novo advogado, ele pretende pedir desculpas à família da vítima.
Ao Portal iG, o novo advogado do empresário , Dracon Luiz Cavalcante Lima, contou que ele sentiu um “verdadeiro baque” ao entender a gravidade e a repercussão do crime, que confessou na última terça-feira (19). Segundo o advogado, Renê alega que o tiro contra Laudemir foi acidental. Além disso, ele chorou durante as reuniões com a defesa e disse que quer pedir perdão a todos os afetados.
“Ele errou bastante, ele sente nesse sentido. E o Renê também é um cara do bem, não é um cara mau não, não é porque ele tem um porte atlético e tal, já chamam ele de ‘monstro’ e tudo. Ele tem sensibilidade também, pensa que não tá assistindo isso na televisão, vendo nos jornais? Ele vê isso aí lá pela televisão que ele tem na cela” , disse o advogado.
“Quando for a hora certa, ele vai se manifestar. Mas ele pensa, sim, em pedir desculpas para a família, para todos, mesmo sabendo que não vai ter o perdão” , continuou Dracon.
A princípio, Renê negou a autoria do crime. A confissão ocorreu após seus primeiros advogados deixarem o caso. A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) confirmou ao iG o depoimento.
Dracon afirmou à reportagem que ainda não definiu a tese completa de defesa, prorrogado em 10 dias conforme o prazo das perícias e investigações. O advogado ainda ressaltou a alegação de Renê sobre o tiro acidental e afirmou que é preciso esperar a conclusão do inquérito policial para avaliar todas as provas.
“Por enquanto, eu preciso que a opinião pública entenda que, às vezes, a gente não pode julgar uma pessoa sem provas. É o que está acontecendo exatamente agora com o René”, destacou o advogado.
Relembre o crime
O assassinato ocorreu no dia 11 de agosto, após uma discussão de trânsito entre Renê e a motorista de um caminhão de lixo que, segundo ele, bloqueava a rua.
Testemunhas relataram que o empresário ameaçou a motorista e que a equipe de garis saiu em defesa da mulher. Irritado, Renê então sacou a arma e atirou contra Laudemir, que morreu no hospital.
Renê saiu da cena do crime sem prestar socorro. Foi para o trabalho, para a casa e, depois, para a academia, onde foi preso em flagrante. A prisão do empresário foi convertida para preventiva, e ele foi transferido para o Presídio de Caeté.
Durante as investigações, a polícia encontrou a arma da esposa de Renê, a delegada Ana Paula Lamego Balbino Nogueira, da Polícia Civil. Após perícia, foi constatado que era a mesma pistola utilizada no crime.
A Corregedoria-Geral da Polícia Civil instaurou procedimento disciplinar e um inquérito para apurar a responsabilidade da delegada no caso.
Bloqueio de bens
Na terça-feira (19), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) solicitou à Justiça o bloqueio dos bens de Renê. O órgão pediu o congelamento de até R$ 3 milhões, com preferência para dinheiro em espécie ou depositado em qualquer modalidade de instituição e aplicação financeira.
A medida do MP se estendeu para a delegada esposa do empresário, “por entender que, como dona da arma de fogo usada no crime, ela responde solidariamente pelo caso”.
O pedido do bloqueio partiu da defesa da vítima. No informe, o MPMG destacou que o padrão de vida do casal e suas trajetórias profissionais indicam capacidade financeira para arcar com a indenização. A medida também visa prevenir que, com a repercussão do caso, o casal desvie patrimônio e prejudique os familiares da vítima.
IG Último Segundo