Coreia do Sul enfrenta infestação de moscas parasitas


Rapz remove insetos mostos e é atacado por vários outros
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Rapz remove insetos mostos e é atacado por vários outros

BTS, o grupo de K-Pop, tem nojo. Um youtuber comeu. Trilheiros pisam em montes deles: a Coreia do Sul enfrenta uma  invasão de “lovebugs” que, segundo especialistas, evidencia o agravamento das mudanças climáticas. As informações são do Japan Today.

Identificados pela primeira vez no país há cerca de uma década, esses insetos, da espécie Plecia nearctica, uma variedade de mosca-de-março, agora infestam Seul por semanas todos os anos.

Conhecidos como “lovebugs” (ou “insetos do amor”) por seu comportamento de acasalamento, em que voam grudados em pares, eles surgem em grandes nuvens que cobrem paredes de prédios e trilhas de montanhas.

Apesar de inofensivos para humanos, os insetos deixam um rastro nojento: pilhas de carcaças pretas em decomposição, com mau cheiro insuportável.

Segundo dados da cidade de Seul, as reclamações sobre os lovebugs, que teriam vindo do sul da China, aumentaram com o avanço das temperaturas.

Até o astro RM, do BTS, foi flagrado em vídeo viral xingando ao avistar um desses insetos, enquanto Jin simplesmente assoprou um lovebug que voava em sua direção durante uma apresentação.

“Insetos tendem a se desenvolver mais rápido em temperaturas altas”, explicou Ju Jung-won, pesquisador da Agência de Controle e Prevenção de Doenças da Coreia. “No caso dos lovebugs, parece que o clima das regiões onde normalmente vivem agora está presente aqui, o que permite que sobrevivam no país.”

No topo da montanha Gyeyangsan, em Incheon (a oeste de Seul), servidores públicos cobertos com roupas improvisadas tentavam remover os cadáveres dos insetos, enquanto enxames dificultavam até mesmo abrir os olhos.

“Em algumas partes da montanha, os montes de insetos mortos chegavam a mais de 10 centímetros de altura”, contou Jung Yong-sun, 59, responsável pelo controle de pragas. “Andar sobre eles parecia pisar em algo macio, como uma almofada.”

O odor desagradável surpreendeu muitos visitantes.

“No começo achei que fosse lixo orgânico… Mas era o cheiro dos insetos mortos”, disse a trilheira Ahn So-young, 29. “Chorei quando cheguei aqui. Fiquei apavorada.”

Segundo Park Sun-jae, pesquisador sênior do Instituto Nacional de Recursos Biológicos, os lovebugs foram detectados pela primeira vez em Incheon, em 2015.

“Desde 2022, a população começou a crescer aceleradamente”, afirmou. Atualmente, os insetos já estão espalhados por toda a área metropolitana de Seul.

Neste ano, a infestação viralizou nas redes. Criadores de conteúdo visitaram os locais mais afetados, aproveitando a comoção. Um youtuber chegou a preparar um “hambúrguer” com os insetos: os triturou com massa e fritou antes de provar diante das câmeras.

“Não é ruim. É bem gostoso”, afirmou ele no vídeo, que já ultrapassou 648 mil visualizações.

Na mesma montanha, os influenciadores Kim Ji-young e Sam Jung se vestiram de branco (cor que atrai os insetos) e gravaram a si mesmos sendo cobertos por eles.

“Provavelmente nunca mais viverei algo assim na vida”, disse Jung, com o chapéu e a roupa tomados por lovebugs.

Mas o problema vai além da internet. No Mercado Daejo, no distrito de Eunpyeong, donos de restaurantes precisam espantar os insetos constantemente para proteger seus alimentos.

Insetos mortos se acumulam no chão e sobrecarregam o trabalho dos faxineiros.

“Queria almoçar sem me preocupar se um lovebug vai cair no meu rosto ou na comida”, desabafou Chang Seo-young, 48, dona de um restaurante .

Considerados benéficos por ajudarem na decomposição de matéria orgânica, os lovebugs costumam desaparecer naturalmente até o começo de julho. No entanto, cientistas alertam que, com a instabilidade provocada pela crise climática, a chegada de outras espécies (possivelmente mais perigosas) não está descartada.

“Me preocupa pensar que as próximas gerações terão que enfrentar isso”, disse Jeon In-hyeop, 29, após ver o topo da Gyeyangsan coberto por insetos. “Sinto que nossas crianças podem viver num mundo muito mais infeliz.”



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