
Vista aérea panorâmica do Complexo do Alemão no Rio de Janeiro
A megaoperação policial realizada nesta terça-feira (28) nos complexos do Alemão e da Penha, na Zona Norte do Rio de Janeiro, deixou 64 mortos e se tornou a mais letal da história da cidade, destacando a violência que atinge a região, um conjunto de favelas com alta densidade populacional e características sociais complexas.
A atuação policial mobilizou 2,5 mil agentes de segurança para cumprir 100 mandados de prisão contra o Comando Vermelho (CV) .
Segundo dados do Censo de 2022 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Complexo do Alemão abriga 54.202 habitantes. Embora este número represente uma redução de 14.941 moradores em comparação com os 69.143 registrados no Censo de 2010, ele ainda confere ao local uma magnitude populacional superior à de 90% dos municípios brasileiros.
Para colocar em perspectiva, o Brasil possui 5.568 municípios. A população do Complexo do Alemão é maior do que a de 4.975 cidades, o que significa que mais de 89% dos municípios do país têm menos habitantes do que este aglomerado de comunidades na capital fluminense. Apenas 593 cidades brasileiras possuem uma população maior que a do Complexo do Alemão.
História do Alemão
O Complexo do Alemão, popularmente conhecido como Morro do Alemão, é um bairro que compreende um dos maiores conjuntos de favelas da Zona da Leopoldina. Sua formação é marcada por uma históriam complexa.
Segundo o site Wikifavelas, o bairro foi oficializado em 09 de dezembro de 1993, mas sua ocupação remonta à década de 1920, quando o imigrante polonês Leonard Kaczmarkiewicz adquiriu terras na Serra da Misericórdia.
O apelido ” o alemão “, dado a Kaczmarkiewicz pelos moradores locais, acabou por nomear o morro e, posteriormente, o complexo. A abertura da Avenida Brasil, em 1946, transformou a região em um polo industrial, atraindo muitas famílias de operários que se instalaram nas imediações.
O Complexo é formado por diversas comunidades, incluindo Nova Brasília, Reservatório, Alvorada, Morro das Palmeiras, Casinhas, Fazendinha, Canitá, Pedra do Sapo, Mineiros, Morro do Adeus, Morro da Baiana, Matinha, Grota (ou Joaquim Queiroz) e o Morro do Alemão.
Apesar da presença de rede de abastecimento de água na maioria dos domicílios, a infraestrutura ainda apresenta desafios significativos. O Censo de 2000 registrou que 84% dos domicílios de favela no bairro possuíam rede de esgotamento sanitário, mas ainda é possível constatar áreas com valas a céu aberto e despejo de esgoto nos corpos hídricos.
O Complexo do Alemão também se destaca por seus indicadores sociais. Segundo o Censo de 2010, seu Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) era de 0,711, o que o colocava como o 126º e último colocado na cidade do Rio de Janeiro. Além disso, uma pesquisa de 2020 indicou que mais de 63% dos moradores das 13 favelas que compõem o Complexo viviam com até R$ 1.238,00 por mês.
A Operação Contenção, ao paralisar a vida de dezenas de milhares de pessoas, forçando o fechamento de escolas, comércios e unidades de saúde, expôs a vulnerabilidade de uma população que, em número, se assemelha a uma capital de médio porte, mas que vive sob a constante ameaça da violência e da precariedade de serviços básicos.
IG Último Segundo


