como surgem e quais riscos representam?


Tempestade severa
Reprodução/ NOAA

Tempestade severa

Diante do crescimento na frequência e intensidade dos eventos climáticos extremos, como  tempestades e tornados — que podem variar de chuvas rápidas a impactos severos em diferentes regiões — demandam vigilância constante. Conhecer os fatores que contribuem para a formação e desenvolvimento desses eventos pode ser auxiliar na redução de riscos e fortalecer a preparação da população diante das ameaças climáticas.

O que causa uma tempestade?

Em entrevista cedida ao Portal iG, o meteorologista e professor da UFRJ, Wanderson Luiz Silva explica que os principais elementos para a formação de uma tempestade são a instabilidade atmosférica e a umidade.

“Muitas vezes esta instabilidade é causada pelo aquecimento da baixa troposfera, próxima à superfície, como por exemplo em um dia quente de verão”.

 Nuvem Cumulunimbus
Reprodução/ Freepik

Nuvem Cumulunimbus

Esse processo leva à formação de nuvens do tipo Cumulonimbus, associadas a chuvas fortes, ventos intensos e descargas elétricas. Quando há uma combinação de temperatura elevada e grande concentração de vapor de água, essas nuvens se desenvolvem verticalmente, favorecendo tempestades mais potentes.

“Uma tempestade comum produz chuva forte, ventos intensos e descargas atmosféricas. Já uma tempestade severa é capaz de ocasionar ventos ainda mais fortes, inclusive tornados, além de queda de granizo” , complementa Wanderson.

Outro fator decisivo é a chegada de frentes frias, que consistem no avanço de ar mais frio sobre uma massa de ar quente. Como o ar quente é mais leve, ele sobe abruptamente ao ser empurrado pelo ar frio, gerando nuvens carregadas.

A intensidade das correntes ascendentes, a temperatura da baixa e da média troposfera, entre outros fatores, influenciam na ocorrência ou não do granizo em superfície” , afirma o meteorologista.

Quando as tempestades se transformam em tornados?

Em casos mais severos, tempestades evoluem para supercélulas, um tipo de tempestade que pode originar tornados. “Nas supercélulas, os tornados se formam quando há cisalhamento vertical do vento, ou seja, significativa variação da direção e/ou da intensidade do vento com a altitude, sendo assim capaz de gerar vórtices” , detalha o especialista.

Esses vórtices, ao tocarem o solo, tornam-se tornados — colunas giratórias de ar com grande poder destrutivo. Em geral, as áreas mais planas e com menor rugosidade no relevo são mais propensas à formação desses fenômenos. “Regiões com terrenos grandes e planos apresentam maior propensão à formação de tornados, diante de acentuada instabilidade atmosférica”, diz o professor.

Na América do Sul, as tempestades mais severas se concentram no oeste da Região Sul do Brasil, além do Paraguai e do norte da Argentina. Esses locais reúnem condições atmosféricas e geográficas que favorecem o surgimento de sistemas intensos.

Riscos e limites da previsão

Entre os principais riscos das tempestades estão os alagamentos, deslizamentos, queda de energia, destelhamentos e danos estruturais. No caso dos tornados, os danos podem ser ainda mais expressivos, atingindo áreas extensas em poucos minutos.

A previsão desses fenômenos, especialmente os tornados, ainda enfrenta limitações. “É praticamente impossível prever tornados com horas ou dias de antecedência. O que temos são indicações atmosféricas que mostram se o ambiente está ou não favorável a tempestades severas” , esclarece Wanderson.

Por isso, o monitoramento em curtíssimo prazo, com apoio de radares meteorológicos, é a principal ferramenta para alertas eficazes.

Tempestade severa
Reprodução/ Pixabay

Tempestade severa

Mitos que ainda confundem

Algumas ideias equivocadas ainda circulam entre a população. Um exemplo é o mito de que raios não caem duas vezes no mesmo lugar. “Um raio pode sim cair duas ou muitas vezes num mesmo ponto, especialmente se essa área for propensa a isso” , afirma Wanderson.

Outro engano comum é achar que raios só ocorrem com chuva. Segundo ele, “os raios podem acontecer mesmo sem precipitação, já que são capazes de se deslocar até 15 a 20 km do centro da tempestade” .

Prevenção começa com informação

Manter-se informado por meio dos boletins meteorológicos é essencial. Sempre que alertas forem emitidos, a população deve adotar medidas de autoproteção, como evitar locais abertos, manter distância de janelas e não se abrigar sob árvores.

A ciência ainda não consegue evitar que esses fenômenos de grande proporções ocorram, mas pode — com o apoio da tecnologia e da conscientização — minimizar seus impactos e salvar vidas.



IG Último Segundo