Comida para quem precisa


Milhares de caixas com mantimentos foram distribuídos diretamente para a população de Gaza
GHF

Milhares de caixas com mantimentos foram distribuídos diretamente para a população de Gaza

Na terça-feira (aleluia!), foi realizada a primeira experiência de distribuição de ajuda humanitária diretamente à população da Faixa de Gaza, evitando que fosse desviada pelo grupo terrorista Hamas. O projeto-piloto ocorreu primeiramente em um único ponto do território, em Rafah; no dia seguinte, estendeu-se a mais três postos de distribuição. A operação foi conduzida pela GHF – Gaza Humanitarian Foundation (criada para este fim) e a segurança ficou por conta de empresas privadas, sob coordenação dos Estados Unidos e de Israel. Ao exército israelense, coube observar à distância para intervir caso se fizesse necessário. 

Como era esperado, a operação no primeiro dia foi tensa e confusa. No segundo, as imagens foram bem diferentes, inclusive com cenas de comemorações dos palestinos, como se vê no vídeo abaixo.

Essa história curta, embora importante para o plano de enfraquecer o Hamas, foi contada com tons passionais e cheios de críticas pela mídia internacional. É impressionante o volume de fake news gerado em torno do tema, com o objetivo de sempre: perpetuar a imagem de Israel como vilão do sofrimento palestino sem explicar o real quadro da guerra.

Como era feita a distribuição até dois meses atrás?

Desde o início da guerra, há 602 dias, um volume fabuloso de ajuda humanitária foi enviado para Gaza, cuja distribuição era coordenada pela UNRWA — agência da ONU que atua exclusivamente em prol dos palestinos. No entanto, os alimentos raramente chegaram a quem mais precisava, uma vez que o Hamas desviava sistematicamente a maior parte dos envios para alimentar seus combatentes e também para abastecer o mercado negro que o grupo criou, por meio do qual os produtos são vendidos a preços exorbitantes.

Para resumir com total clareza a situação: o governo eleito da Faixa de Gaza (Hamas) rouba as provisões fornecidas gratuitamente por países e organizações internacionais, e os vende a preços altíssimos aos seus legítimos destinatários, a população civil de Gaza.

Em uma reportagem de um canal de TV árabe nessa semana, uma consumidora em Gaza reclamava do preço dos ovos (R$ 27 por unidade) e de um pote de meio quilo de pasta de gergelim, o tahine (R$ 120). Estima-se que o grupo tenha arrecadado cerca de 1 bilhão de dólares com o comércio ilegal. 

Assim, na próxima vez que você ouvir falar sobre fome na Faixa de Gaza, lembre-se dessa informação. Confira aqui imagens gravadas ontem da invasão dos palestinos do enclave a um dos armazéns de alimentos do Hamas abarrotados de bens de consumo.

Entenda o motivo do bloqueio da ajuda

Há dois meses, quando o governo de Gaza ainda contava com alimentos suficientes para manter a população por quatro meses, Israel instituiu o bloqueio à entrada de ajuda humanitária com dois objetivos: para retirar o controle sobre a ajuda humanitária do Hamas e pressionar o grupo a negociar a libertação dos 58 reféns até hoje mantidos sob seu poder (acredita-se que apenas 20 deles ainda estejam vivos).

Essa iniciativa não causou fome em Gaza, mas provocou enorme estrago à imagem de Israel em função das fake news criadas em torno dela. Quer um exemplo? Na semana passada, a rede inglesa BBC (que anda pródiga em divulgar falsidades) publicou uma notícia baseada na informação da ONU que apontava a morte iminente de 14 mil bebês em Gaza em 48 horas caso os carregamentos de ajuda humanitária não chegassem rapidamente à população civil. Depois de muita contestação internacional, a própria ONU corrigiu sua declaração, afirmando algo completamente diferente: caso a situação se mantivesse como estava até a semana passada, poderiam haver até 14,1 mil casos de malnutrição em Gaza até março de 2026. 

Repare que, via de regra, as notícias a respeito da fome entre os palestinos são normalmente baseadas em previsões futuras ou análises especulativas. Por isso, fique atento, não se deixe levar. Cheque os fatos e lembre-se de que não há casos de morte por fome ou inanição documentados na Faixa de Gaza.

 *Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG



IG Último Segundo