
Cobra Píton
Pesquisadores identificaram um novo tipo de célula no intestino das pítons-birmanesas(Python bivittatus), responsável por absorver completamente os ossos das presas. A descoberta ajuda a explicar como esses répteis conseguem digerir esqueletos inteiros, algo incomum entre carnívoros.
A pesquisa, liderada pelo professor Jehan-Hervé Lignot, da Universidade de Montpellier, analisou células do revestimento intestinal das pítons por meio de microscopia óptica e eletrônica, além de medir níveis de cálcio e hormônios no sangue.
O estudo revelou células especiais que produzem grandes partículas compostas de cálcio, fósforo e ferro. Essas partículas surgem dentro de criptas na parte superior das células, que são mais estreitas e têm características diferentes dos enterócitos tradicionais responsáveis pela absorção normal de nutrientes.
Para entender melhor a função dessas células, os pesquisadores alimentaram as cobras com três tipos de dieta: roedores inteiros, presas sem ossos e presas sem ossos com suplementação de cálcio. As partículas ricas em minerais só apareceram nas pítons que receberam roedores inteiros ou dieta suplementada, indicando que as células atuam especificamente na absorção de grandes quantidades de cálcio e fósforo vindas dos ossos.
Nenhum fragmento ósseo foi encontrado nas fezes das cobras, confirmando que os esqueletos são totalmente dissolvidos no trato digestivo.
A nova célula foi identificada também em outras espécies de pítons, jiboias e no monstro-de-gila, um lagarto venenoso da América do Norte. Agora, o próximo passo é investigar se animais como predadores marinhos e aves que consomem muitos ossos, como o quebra-ossos, também possuem estruturas semelhantes.
O trabalho foi apresentado em 9 de julho de 2025, na Conferência Anual da Sociedade de Biologia Experimental, em Antuérpia, Bélgica.
IG Último Segundo