
Ciclone
O ciclone extratropical formado no sul da América do Sul já influencia as condições de tempo em diferentes regiões do Brasil. O fenômeno meteorológico, comum nessa época do ano, chama a atenção por seus efeitos: ventos fortes, chuvas intensas, queda de temperatura e risco de ressaca no litoral.
Entretanto, a expectativa dessa vez é de que os efeitos sejam sentidos de forma limitada no Sul do país, sem a mesma intensidade registrada em outros episódios recentes.
Em entrevista ao Portal iG, Lucas Oliver, doutorando em Geografia na área de Climatologia pelo Instituto de Geociências da UFMG e professor da rede pública em Belo Horizonte, explica que há uma boa notícia em meio ao alerta.
Isso porque, o ciclone que está atuando atualmente não deve causar impactos tão significativos no Brasil, já que seu deslocamento ocorreu para áreas mais ao sul, reduzindo assim os efeitos diretos sobre o território brasileiro.
Como se formam os ciclones extratropicais?
Ciclones extratropicais são sistemas de baixa pressão atmosférica responsáveis pela formação de nuvens e chuvas. Esse tipo de fenômeno é comum nas áreas que abrangem o Sul do Paraguai, Norte da Argentina, Uruguai e a região Sul do Brasil.
O especialista detalha o processo: “Eles se formam quando massas de ar frio vindas da Antártida encontram massas de ar quente que estão no centro do Brasil. Esse contraste gera instabilidade na atmosfera, faz o ar subir e leva à condensação do vapor d’água, produzindo nuvens e precipitações.”
Esse encontro de massas costuma ocorrer entre o fim do outono e a primavera, com maior frequência entre junho e setembro.
Quais os impactos mais comuns?
No Brasil, os ciclones extratropicais afetam especialmente a Região Sul, mas também alcançam o Sudeste e parte do Centro-Oeste.
Entre os principais efeitos estão alagamentos em áreas urbanas, deslizamentos de terra em encostas, interrupções no fornecimento de energia elétrica, suspensão de transportes e transtornos na navegação marítima.
Além disso, a queda acentuada de temperatura pode representar a mais risco para populações em situação de vulnerabilidade.
Riscos para a população
Apesar de não atingir o Brasil em larga escala desta vez, o ciclone pode provocar ressacas e agitação marítima no litoral do Sul, além de ventos que vão de moderados a intensos.
Os principais riscos relacionados a esses sistemas, no entanto, estão ligados ao excesso de chuvas, que pode causar alagamentos e deslizamentos de terra em áreas já fragilizadas por precipitações anteriores.
“A ventania pode causar prejuízos, mas o grande problema em geral são as chuvas concentradas em algumas regiões” , alerta Oliver.
Ele reforça que os eventos não são raros e que a tendência para os próximos anos, diante das mudanças climáticas, é que os ciclones se tornem mais intensos:
“Nos próximos anos, com o aquecimento global, o que se espera é uma intensificação desses fenômenos, e não necessariamente um aumento da frequência, porque eles já são bem frequentes” , afirma.
Previsão e prevenção
Segundo o climatólogo, há condições favoráveis para prever a formação desses sistemas com alguns dias de antecedência, o que dá tempo para as autoridades se prepararem.
“Quando sabemos que uma massa de ar frio vai encontrar uma massa de ar quente, há grandes chances de formação de um ciclone. Esse tempo é fundamental para que a Defesa Civil emita alertas e oriente a população” , diz.
Oliver destaca ainda a importância da comunicação clara com os moradores das áreas de risco:
“ Os alertas são importantes para evitar que as pessoas se coloquem em condição de risco. O trabalho da Defesa Civil em alertar é para as pessoas entenderem que a previsão é para ajudá-las a evitar de estar no lugar errado, na hora errada e ser pego de surpresa pelo vento e chuva. Então se faz necessário avisar a população”, conclui.
IG Último Segundo