casos podem estar além de SP e PF vai apurar


Terceira morte devido intoxicação por metanol foi confirmada em São Paulo
Sunira Moses/Unsplash

Terceira morte devido intoxicação por metanol foi confirmada em São Paulo

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, afirmou nesta terça-feira (30) que bebidas alcoólicas adulteradas com metanol podem estar circulando para além do estado de São Paulo, onde três pessoas já morreram e dez seguem sob investigação, conforme confirmado pela Secretaria de Estado de Saúde (SES-SP) ao Portal iG.

“Tudo indica que existe uma distribuição para além do estado de São Paulo”, disse Lewandowski. “Foi aberto inquérito na Polícia Federal para verificar a procedência da substância e a possível rede de distribuição”, complementou.

O diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, acrescentou que não descarta a possibilidade de ligação com organizações criminosas. “A investigação dirá se há conexão com o crime organizado”, afirmou.

A declaração reforça a nota da  Associação Brasileira de Combate à Falsificação (ABCF), que levantou a hipótese de que o metanol usado nas bebidas pode ser o mesmo aplicado pelo Primeiro Comando da Capital (PCC), no contrabando de combustíveis. Vale reforçar, no entanto, que nenhuma autoridade citou a facção especificamente durante a coletiva.

Intoxicação por metanol é grave

O metanol é uma substância usada em processos industriais e, por ser altamente tóxica,  pode levar à cegueira, ao coma e até à morte.

Em nota à imprensa, o Ministério da Justiça e Segurança Pública explicou que, quando ingerida, a substância “é metabolizada no organismo em produtos tóxicos (como formaldeído e ácido fórmico), que podem levar ao óbito”.

Os principais sintomas de uma intoxicação por metanol incluem visão turva ou perda de visão (podendo chegar à cegueira) e mal-estar generalizado (náuseas, vômitos, dores abdominais, sudorese).

Número “anormal” de casos, diz Padilha

Segundo o governo estadual, desde junho foram confirmados seis casos de intoxicação por metanol, e outros dez seguem sob investigação. Os três óbitos incluem um homem de 58 anos em São Bernardo do Campo, outro de 54 na capital e um terceiro, de 45, ainda com local de residência em apuração.

O MJSP também alerta para a possibilidade de existirem casos ainda não notificados, que permanecem sob investigação e aguardam confirmação laboratorial.

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, disse que é um número “anormal” de casos, pois supera da metade do total anual contabilizado pelo ministério.

“O país costuma ter 20 casos por ano de intoxicação por metanol. Desde setembro, já tivemos quase metade desse total, concentrado apenas em São Paulo. Estamos diante de uma situação diferente de tudo que temos na série histórica”, afirmou Padilha.

O ministro destacou, ainda, que o perfil das intoxicações chamou atenção das autoridades: ocorreram em pouco tempo e em bares e adegas, diferente do padrão anterior, quando se limitava a pessoas em situação de vulnerabilidade e de rua.

Equipes do Procon-SP e da Vigilância Sanitária aumentaram a fiscalização em bares, depósitos e comércios de bebidas alcoólicas para identificar produtos adulterados. As ações foram concentradas especialmente em regiões onde houve registros de intoxicação, segundo a Secretaria do Estado de Saúde de São Paulo.

“Somente neste mês de setembro, foram realizadas mais de 43 mil ações de fiscalização nos 645 municípios paulistas, no segmento de comércios de bebidas, alimentos, bares, restaurantes e adegas”, diz a nota.

Também foram fiscalizados os locais suspeitos de comercializar bebidas que levaram à intoxicação por metanol. Segundo a SES-SP, “nos três estabelecimentos fiscalizados, foram apreendidas 117 garrafas de bebidas sem rótulos e sem comprovação de procedência”. As bebidas foram encaminhadas para perícia e dois estabelecimentos foram autuados por irregularidades sanitárias.

O Departamento de Polícia de Proteção à Cidadania (DPPC) também apreendeu mais de 100 garrafas em estabelecimentos suspeitos.

Lewandowski anunciou que a Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) abrirá um inquérito administrativo para acompanhar as ocorrências e definir providências do ponto de vista do direito do consumidor.

Recomendações aos estabelecimentos e à população

A Abrasel (Associação Brasileira de Bares e Restaurantes) emitiu uma nota recomendando que bares e restaurantes suspendam a venda de bebidas suspeitas em São Paulo.

“A Abrasel reforça a recomendação em nota do Ministério da Justiça, de que bares e restaurantes, diante de qualquer suspeita, suspendam a venda de bebida e comuniquem as autoridades. A nota destaca que preços baixos, lacres tortos, erros de impressão e odor semelhante a solventes devem ser tratados como suspeita de adulteração” , diz a nota.



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