Carla Zambelli se entrega às autoridades italianas, diz advogado


A deputada federal Carla Zambelli foi condenada pelo STF
Agência Brasil

A deputada federal Carla Zambelli foi condenada pelo STF

A deputada federal licenciada Carla Zambelli(PL) se  entregou às autoridades italianas nesta terça-feira (29), conforme informou seu advogado Fabio Pagnozzi.

“Minha cliente, deputada Carla Zambelli, resolveu se entregar para as autoridades administrativamente por causa dos pedidos da justiça, mostrando seu endereço e que nunca foi foragida na Itália. Ela estava aguardando um posicionamento para se apresentar”, explicou.

“A Carla Zambelli busca a sua não extradição e, obviamente, ser julgada com imparcialidade e justiça”, acrescentou.

A deputada reforçou a declaração do advogado e chamou a Itália de “democracia”, acusando ser vítima de um “ditador”, referência ao ministro Alexandre de Moraes.

O Portal iG questionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública sobre a veracidade da prisão. Em seguida, o MJ respondeu com uma nota oficial que não cita o nome da deputada

Zambelli estava na lista vermelha da Interpol desde que o ministro Alexandre de Moraes determinou sua inclusão como foragida internacional.

A parlamentar havia deixado o Brasil no final de maio, após ser condenada pelo STF a 10 anos de prisão em regime fechado. Ela passou pela Argentina e pelos Estados Unidos antes de chegar à Itália, onde permaneceu em reclusão, segundo sua defesa.

Inicialmente, alegou que viajava para tratamento médico, mas depois confirmou a intenção de se manter na Europa e evitar a extradição, utilizando sua cidadania italiana.

Zambelli foi condenada por ser apontada como mentora de uma operação conduzida pelo hacker Walter Delgatti Neto, que resultou na inserção de documentos falsos no sistema eletrônico do Conselho Nacional de Justiça.

Os arquivos incluíam mandados de prisão e alvarás de soltura forjados, entre eles um mandado contra Moraes.

Além da condenação por invasão e falsidade ideológica, a deputada responde a outro processo no STF, por porte ilegal de arma e constrangimento ilegal.

O caso envolve a perseguição a um homem com uma pistola em São Paulo durante o período eleitoral de 2022. Também teve o mandato cassado pelo Tribunal Regional Eleitoral de São Paulo (TRE-SP), por desinformação eleitoral, com recursos ainda em tramitação.

Desde que chegou à Itália, Zambelli adotou uma rotina de isolamento. De acordo com seu advogado Fábio Pagnozzi, ela vivia com poucos recursos financeiros, evitava sair de casa e tinha dificuldade para obter medicamentos e atendimento médico. Seu marido, Aginaldo Oliveira, não a acompanhava mais no país europeu.

A deputada contratou o advogado italiano Pieremilio Sammarco, conhecido por atuar em casos de repercussão, para tentar impedir a extradição. Sua defesa também protocolou pedidos de habeas corpus e revisão criminal no STF, alegando perseguição política.

Com a prisão, o processo de extradição será analisado pela Justiça italiana. Segundo o embaixador brasileiro Renato Mosca, esse trâmite pode levar ao menos seis meses.

O pedido já foi formalizado pelo governo brasileiro, com base no tratado de extradição firmado entre Brasil e Itália em 1989.

A alegação de Zambelli de que sua cidadania italiana a impediria de ser extraditada foi refutada por juristas ouvidos pela imprensa brasileira, que destacaram que a Constituição italiana permite a extradição em casos de crimes comuns.

No Brasil, a Câmara dos Deputados irá analisar a perda do mandato parlamentar de Zambelli. O presidente da Casa, Hugo Motta, confirmou que o processo será encaminhado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), mas ainda não há previsão para votação em plenário.

O STF também determinou o bloqueio de bens, contas bancárias e redes sociais da deputada, incluindo a suspensão do passaporte diplomático e de pagamentos de salários e benefícios. Os valores serão utilizados para pagamento de multas judiciais, estimadas em cerca de R$ 2,1 milhões.

Deputado italiano se posicionou

Zambelli estava na lista vermelha da Interpol
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Zambelli estava na lista vermelha da Interpol

O deputado italiano Angelo Bonelli, da Aliança Verde e de Esquerda, disse que informou a localização da parlamentar brasileira às autoridades.

Bonelli divulgou em uma rede social que a deputada estava em um apartamento na capital italiana e que os dados foram repassados à polícia local.

“Carla Zambelli está em um apartamento, em Roma. Forneci o endereço à polícia, neste momento a polícia está identificando Zambelli”, escreveu.



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