
Deputada federal Carla Zambelli deixou o Brasil
A deputada federal Carla Zambelli(PL-SP) deixou o Brasil magoada com o ex-presidente Jair Bolsonaro(PL), segundo relato de um aliado ao Portal iG.
A parlamentar se sentiu abandonada após ter sido apontada por Bolsonaro como responsável “por todo mal” em sua vida, incluindo a derrota nas eleições de 2022.
A declaração, inicialmente revelada pelo Portal iG em janeiro de 2023, foi confirmada publicamente pelo ex-presidente em março deste ano durante participação no podcast Inteligência Ilimitada.
A deterioração da relação teve início ainda no segundo turno das eleições de 2022, quando Zambelli foi filmada perseguindo um jornalista negro pelas ruas de São Paulo com uma arma em punho.
O episódio é apontado por Jair Bolsonaro e por seu grupo político como fator decisivo para a perda de votos indecisos, favorecendo a eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva(PT).
Desde então, a deputada passou a se sentir isolada dentro do núcleo bolsonarista e, segundo o aliado, interpretou a ausência de apoio como abandono.
Zambelli e sua fuga

A deputada federal Carla Zambelli afirma que está fora do Brasil há alguns dias
Nesta terça-feira (3), Zambelli afirmou que está nos Estados Unidos e que pretende embarcar para a Europa, onde possui cidadania.
Condenada pelo Supremo Tribunal Federal a 10 anos de prisão por invasão de sistema informatizado e falsidade ideológica, ela anunciou que pedirá licença não remunerada da Câmara dos Deputados, o que abrirá espaço para a posse do suplente Coronel Tadeu (PL) e resultará na suspensão do salário parlamentar.
Condenação
A condenação foi decidida por unanimidade pela Primeira Turma do STF em 14 de maio, e incluiu a perda automática do mandato.
Zambelli foi considerada responsável por coordenar, ao lado do hacker Walter Delgatti, um ataque aos sistemas do CNJ (Conselho Nacional de Justiça), com inserção de documentos falsos.
Entre os documentos forjados, estavam um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes e um alvará de soltura em nome de um líder do Comando Vermelho.
Delgatti foi condenado a 8 anos e 3 meses de prisão, e ambos foram multados em R$ 2 milhões, solidariamente, por danos materiais e morais coletivos.
Embora a pena preveja regime fechado, Zambelli ainda não está presa. A sentença não transitou em julgado, e sua defesa apresentou embargos de declaração, recurso que não modifica a pena, mas adia sua execução.
Além disso, qualquer prisão de parlamentar em exercício exige autorização da Câmara dos Deputados, conforme previsto na Constituição.

Deputada Carla Zambelli
Zambelli nega estar foragida
Em declaração, afirmou que deixou o país há alguns dias para tratamento médico, e que não considera sua saída um abandono do Brasil. “Muito pelo contrário, é resistir, é continuar falando o que eu quero falar”, disse.
Também informou que deixará as redes sociais e tenta transferir a titularidade de suas contas para sua mãe, Rita Zambelli, que pretende se candidatar em 2026.
A Procuradoria-Geral da República comunicou que pedirá a prisão preventiva da deputada.
O caso está sob relatoria do ministro Alexandre de Moraes, que poderá avaliar medidas como a decretação de prisão por tentativa de fuga ou a inclusão de seu nome na lista da Interpol, caso fique comprovado que a saída do Brasil teve o objetivo de evitar o cumprimento da pena.
O advogado Daniel Bialski, que representava Zambelli, deixou a defesa nesta terça por “motivos de foro íntimo”, após ser informado da viagem da parlamentar.
A defesa havia alegado cerceamento de defesa por falta de acesso a provas e entrou com recurso pedindo a absolvição.
IG Último Segundo