Câmara retira de pauta a MP sobre tributação de investimentos


Plenário da Câmara dos Deputados
Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Plenário da Câmara dos Deputados

A Câmara retirou de pauta, no início da noite desta quarta-feira (8), a Medida Provisória (MP) arrecadatória que permitiria ao governo ajustar as contas em 2026.

A proposta, que aumentava tributos e previa impulsionar a arrecadação, nem chegou a ser votada no mérito.

A maioria dos deputados, liderados pelos partidos do Centrão, aprovou a retirada do texto da pauta, pelo placar de 251 a 193.

Foi uma derrota política importante para a gestão de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que viu o apoio à proposta desaparecer nos últimos dias.

A MP precisava ser aprovada na Câmara e no Senado nesta quarta, porque o texto perde validade nesta quinta.

Polêmica

O texto foi apresentado em julho como uma alternativa ao decreto presidencial que havia elevado o IOF em diversas transações, medida que gerou forte reação política e acabou sendo revogada.

Posteriormente, o Supremo Tribunal Federal (STF) reabilitou parte do decreto, por entender que era legal.

Mas a MP não convenceu a maioria do Congresso.

Mesmo tendo o deputado Carlos Zarattini (PT-SP)  atendido às demandas de diversos setores, recuando de taxar a LCI (Letra de Crédito Imobiliário) e LCA (Letra de Crédito do Agronegócio) e de aumentar taxas a bets, por exemplo, o agro e partidos do Centrão se posicionaram contra a proposta.

Na votação da retirada de pauta, até partidos da base do governo votaram a favor, como o PSD.

O União Brasil e o PP, que decidiram deixar o governo recentemente, também votaram em peso pela retirada, embora tivessem concordado em apoiar o texto.

O líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (PT-RJ), disse que foi feito um acordo e o acordo foi rompido.

“Nós consideramos o que está acontecendo hoje um ato de sabotagem contra o Brasil.Foi feito um acordo com o agro, foi feito um acordo que envolvia lideranças do PP e do União Brasil. E eles romperam” , disse.

Governistas também culparam o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pela pressão que fez sobre deputados nos últimos dias para derrubar a MP.

Arrecadação

A estimativa inicial era de que o governo arrecadaria R$ 20,5 bilhões com a medida, mas após negociações promovidas por Zarattini, esse número caiu para R$17 bilhões.

A equipe econômica entende que, sem arrecadação extra, deverão ser feitos cortes no Orçamento, inclusive cerca de R$ 10 bilhões em emendas parlamentares.



IG Último Segundo