Projeto do Microlançador Brasileiro – MLBR
O projeto do Microlançador Brasileiro (MLBR) atingiu, nos dias 29 e 30 de maio, um marco crucial em sua trajetória: a conclusão bem-sucedida da Critical Design Review (CDR), ou Revisão Crítica de Projeto. Essa etapa representa a validação formal de todo o escopo de engenharia do foguete, autorizando oficialmente o início da construção dos sistemas e dos testes de solo. As informações são do site Poder Aéreo.
A CDR é uma etapa obrigatória em programas espaciais de alta complexidade e segue rigorosos padrões internacionais. Nela, especialistas avaliam se o projeto atende a todos os requisitos técnicos, de segurança e de viabilidade da missão.
O foguete brasileiro terá 12 metros de altura, 1,1 metro de diâmetro e capacidade para transportar até 30 kg de carga útil para órbita baixa.
Movido por três motores de propelente sólido, o lançamento está programado para acontecer em 2026. Desde a etapa anterior, chamada Preliminary Design Review (PDR), o projeto passou por melhorias, incluindo ajustes que aumentaram sua estabilidade e controle durante o voo, além de um leve aumento na massa, que possibilita mais combustível e, consequentemente, melhor desempenho na colocação em órbita.
Em 2024, houve a Revisão de Design Preliminar do ML-BR, em São José dos Campos
Destaques técnicos da revisão
Durante a CDR, alguns sistemas superaram as expectativas, como o de telemetria, responsável pela comunicação do foguete com a estação em solo, e o Sistema de Navegação Inercial (SNI). Ambos já estão em configuração final e prontos para voo, com seus modelos de qualificação construídos e testados com sucesso.
Entre os testes realizados, um dos mais relevantes foi o de vibração no SNI-GNSS, que simulou as intensas cargas mecânicas previstas durante momentos críticos, como a ignição, aceleração máxima e separação de estágios. As simulações usaram dados reais de missões anteriores, garantindo que os testes refletissem as condições reais de voo.
Outro avanço foi a confirmação da integração do SNI-GNSS com o Computador de Missão (CDM) – o cérebro do foguete. Esse sistema é o responsável por processar dados dos sensores e tomar decisões em tempo real, garantindo que o veículo mantenha sua trajetória com precisão e segurança ao longo de toda a missão.
A aprovação na CDR não é apenas um marco técnico, mas também um reflexo da maturidade do projeto e da competência das empresas brasileiras envolvidas. “O MLBR é um divisor de águas para o setor espacial nacional. Estamos desenvolvendo tecnologia de ponta e formando competências que fortalecem toda a indústria aeroespacial do país”, ressalta Ralph Corrêa.
O que vem pela frente
Nomes dos motores de cada estágio do ML-BR
O próximo grande desafio será a Systems Qualification Review (SQR), onde serão testados e qualificados todos os sistemas principais, incluindo os motores, estruturas, sistemas elétricos e até a plataforma de lançamento.
Na área de propulsão, os testes mais importantes serão os chamados “tiros em banco”, onde os motores são acionados de forma controlada em solo. Esses ensaios permitem verificar se o empuxo gerado corresponde ao que foi projetado, além de testar a resistência dos componentes ao calor e às forças geradas durante a queima.
Os sistemas eletrônicos embarcados também passarão por testes ambientais extremos, que simulam as condições severas do lançamento e do espaço, como variações bruscas de temperatura, vibração intensa e choques mecânicos. Também estão previstos ensaios de Compatibilidade Eletromagnética (EMC), fundamentais para garantir que os sistemas eletrônicos do foguete não sofram interferências nem causem falhas durante o voo.
Sobre o projeto MLBR
O MLBR é um projeto estratégico para o Brasil, que busca desenvolver veículos lançadores capazes de colocar satélites de pequeno porte em órbita, atendendo tanto a demandas científicas quanto comerciais.
A iniciativa é financiada pelo Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), por meio da Finep, com apoio da Agência Espacial Brasileira (AEB). O desenvolvimento é liderado por um consórcio de empresas brasileiras de alta tecnologia, incluindo Cenic Engenharia, ETSYS, Concert Space, Delsis e Plasmahub, além de parcerias com outras companhias especializadas, como Bizu Space, Fibraforte, Almeida’s e Horuseye Tech.
O projeto representa um passo decisivo na busca pela soberania nacional no acesso ao espaço, posicionando o Brasil como um competidor relevante no mercado global de lançamentos de satélites.
IG Último Segundo