
As mentiras que contaram sobre Tutancâmon
Tutancâmon nunca foi apenas um jovem faraó enterrado no Vale dos Reis. Desde que sua tumba foi descoberta em 1922, ele virou lenda, mas nem tudo o que se conta sobre ele é verdade.
Da suposta maldição que atingiu exploradores a teorias sobre sua morte misteriosa, muitos dos mitos que cercam o “rei menino” já foram desmentidos por arqueólogos, historiadores e cientistas.

A múmia do Faraó Tutancâmon é a mais famosa do mundo
Rapaz com comorbidade
Entre os boatos mais persistentes está a ideia de que Tutancâmon era um jovem doente e debilitado, incapaz até de andar.
A presença de mais de cem bastões em sua tumba ajudou a reforçar essa teoria. No entanto, especialistas reunidos no festival de ciência de Cheltenham, no Reino Unido, afirmam que os objetos tinham função simbólica, não médica.

Bastões encontrados na tumba de Tutankhamon
Além disso, exames do esqueleto não mostram sinais de doenças incapacitantes e características antes apontadas como deformações podem ter sido causadas pela mumificação.
Ser amaldiçoado
Outro mito popular é a “maldição do faraó”. Depois que Lord Carnarvon, um dos financiadores da escavação, morreu meses após a abertura da tumba, jornais da época passaram a relatar mortes misteriosas entre os envolvidos na descoberta.

Arqueólogo britânico Howard Carter e um trabalhador egípcio examinam um caixão feito de ouro maciço dentro da tumba
Mas estudos posteriores não encontraram indícios de que essas mortes tenham sido fora do comum. A maioria foi causada por doenças ou acidentes, como era esperado para a época.
Teorias das conspirações
A morte de Tutancâmon também foi alvo de muitas teorias conspiratórias: assassinato, queda de carruagem, golpe palaciano.

Câmara da tumba de Tutankhamon ainda com os artefatos
Mas tomografias feitas em 2005 revelaram outra hipótese mais plausível: ele sofreu uma fratura grave na perna, que infeccionou, e estava com malária. A combinação dos dois fatores pode ter levado à sua morte por causas naturais, aos 19 anos.
A cor da pele
A aparência do faraó também foi alvo de polêmicas. Quando cientistas reconstruíram seu rosto com base em seu crânio, muitos criticaram a representação com pele clara.
Embora não seja possível determinar com exatidão a tonalidade da pele de Tutancâmon, especialistas afirmam que ele provavelmente tinha feições compatíveis com povos do norte da África.

Simulação de como deve ter sido Tutancâmon
As reconstituições modernas procuram representar uma média entre as possibilidades, sem intenção de apagar sua identidade étnica.
A famosa máscara de ouro
Até mesmo os tesouros encontrados em sua tumba foram colocados em xeque. Há quem afirme que a icônica máscara dourada, por exemplo, não teria sido feita para ele.
De fato, pesquisas revelam que alguns artefatos foram reaproveitados de outros membros da realeza, como Akhenaton. Mas isso era uma prática comum no Egito antigo, e não diminui a importância dos objetos nem o valor arqueológico do conjunto.
Tutancâmon foi um faraó que governou por poucos anos e morreu jovem, mas cuja história ganhou vida própria ao ser redescoberta no século XX.
Separar fatos de ficção não é apenas uma tarefa científica, é também uma forma de respeitar a memória de um dos nomes mais célebres da Antiguidade.
IG Último Segundo