
Após corte de assistencia de cacique, EUA sofre com desastre
Nos últimos dias, uma entidade brasileira chamou atenção ao romper com os Estados Unidos por um motivo nada convencional. A Fundação Cacique Cobra Coral (FCCC), conhecida por alegar interferir espiritualmente nas condições climáticas do planeta, anunciou a suspensão de 50% da “assistência climática” que prestava ao território norte-americano .
O gesto, que combina misticismo, política internacional e simbolismo religioso, voltou ao centro da atenção pública.
A decisão foi tomada logo após o presidente Donald Trump anunciar um aumento de 50% nas tarifas sobre produtos brasileiros, com vigência prevista para 1º de agosto. Em nota divulgada pela FCCC no dia 9 de julho, a fundação classificou a medida como “desequilibrada” e respondeu com o que chamou de “princípio da reciprocidade”.
““Se os Estados Unidos acham justo nos taxar em 50%, também achamos justo reduzir nossa colaboração espiritual na mesma proporção”, escreveu a médium Adelaide Scritori, atual presidente da fundação” , escreveu a médium Adelaide Scritori, atual presidente da fundação.
Nas redes sociais, internautas debatiam se o anúncio teria base espiritual real ou seria apenas um protesto simbólico. Alguns lembraram que, no mesmo dia do rompimento, partes dos EUA enfrentaram alertas de tempestades severas, incluindo um aviso de tornado em Washington, o que alimentou ainda mais o mistério.
Quem é a Fundação Cacique Cobra Coral?
Fundada oficialmente em 1931 na cidade de Guarulhos (SP), a Fundação Cacique Cobra Coral mistura elementos da doutrina espírita com tradições indígenas. Segundo seus integrantes, a organização atua sob orientação espiritual do “Cacique Cobra Coral”, entidade que teria reencarnado anteriormente como Galileu Galilei e Abraham Lincoln.

A médium Adelaide Scritori, da Fundação Cacique Cobra Coral, durante o carnaval.
A médium Adelaide Scritori é a porta-voz da entidade desde os anos 1970, quando substituiu seu pai, Ângelo Scritori, que fundou a instituição e morreu em 2002, aos 104 anos.
A FCCC afirma ser uma organização “científica e filantrópica” que utiliza a mediunidade para equilibrar fenômenos naturais provocados, segundo ela, por ações humanas, como o desmatamento, a urbanização desordenada e as guerras.
Nos últimos 40 anos, a fundação alegou ter atuado em diversos eventos de grande visibilidade: desde o controle da chuva durante o Réveillon de Copacabana até ações preventivas contra enchentes em São Paulo. Também afirmam ter colaborado com o Vaticano, a Casa Real Britânica e até com autoridades chinesas para evitar catástrofes climáticas durante cerimônias oficiais.

Paulo Coelho
Durante parte da década de 2000, o escritor Paulo Coelho chegou a ocupar o cargo de vice-presidente da instituição. Em entrevista na época, Coelho dizia apoiar a fundação por acreditar que ciência e espiritualidade poderiam caminhar juntas.
Apesar das alegações grandiosas, a FCCC não conta com respaldo científico e já foi alvo de críticas da comunidade acadêmica e de meteorologistas. A entidade, porém, afirma que sua atuação se dá em esferas “ainda não compreendidas pela ciência convencional”.
Uma ruptura mística com implicações políticas
O rompimento com os Estados Unidos marca mais um capítulo inusitado no histórico da fundação. Segundo a nota oficial, a decisão foi tomada como uma resposta ao “tarifaço” anunciado por Trump.
“Os desequilíbrios humanos produzem desequilíbrios na natureza. E a natureza responde. A fundação tem a missão de evitar que esse desequilíbrio atinja proporções incontroláveis, mas a colaboração precisa ser mútua”, dizia o comunicado.
A mensagem enviada a Trump terminava com um tom pacífico:
“Receba, senhor presidente, nossa manifestação de paz espiritual”.
Apesar disso, a suspensão parcial da assistência foi vista como uma forma de protesto e, para alguns, como um aviso místico de que as consequências viriam com força total.

Enchente atinge a cidade Kerrville
De fato, poucos dias após a ruptura, cidades dos Estados Unidos enfrentaram eventos climáticos extremos, incluindo inundações repentinas no Arizona, alertas de calor no Texas e avisos de tempestades em Washington D.C.

O tornado foi classificado como EF3, com ventos entre 218 km/h e 266 km/h
Nas redes sociais, a hashtag #CobraCoral figurou entre os tópicos mais comentados no Brasil, e internautas americanos demonstraram curiosidade (ora cética, ora alarmada) sobre a entidade espiritual brasileira.
Ceticismo, curiosidade e repercussão internacional
A mídia estrangeira ainda trata o assunto com cautela. Sites independentes e fóruns de discussão como Reddit, Quora e até páginas de meteorologia alternativa compartilharam o caso. Nos EUA, jornalistas especializados em “weird news” (notícias estranhas) passaram a mencionar a fundação em artigos sobre misticismo e catástrofes.
Enquanto isso, a FCCC reafirma seu compromisso com a paz mundial, desde que, segundo eles, os países estejam alinhados com os princípios de respeito ao planeta e aos povos.
A Fundação Cacique Cobra Coral ocupa um espaço raro no cenário internacional: uma organização mística com histórico de diálogo com esferas de poder político. Ainda que suas atividades sejam vistas com desconfiança pela maior parte da comunidade científica, não se pode ignorar sua presença nos bastidores de decisões administrativas, como contratos com a Prefeitura de São Paulo para “desviar chuvas” ou com o Ministério de Minas e Energia, na década de 1990.
IG Último Segundo