Alvo da PF, Malafaia convoca bolsonaristas para 7 de Setembro


Silas Malafaia
Reprodução/Youtube

Silas Malafaia

O pastor Silas Malafaia  tem usado suas redes sociais para convocar bolsonaristas para atos nas principais capitais o país no dia Sete de Setembro. A finalidade das manifestações, batizadas de ” Reaja, Brasil “, são: liberdade de expressão e de religião. Nesta semana, o religioso foi alvo da Polícia Federal (PF) e teve seu passaporte apreendido.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, por sua vez, segue proibido de participar dos eventos, ainda por consequência das medidas cautelares impostas pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal. Porém, seu nome deve ser um dos mais citados nos atos, até porque eles ocorrerão em meio ao julgamento do STF sobre a suposta tentativa de golpe (veja mais abaixo).

Em vídeo nas redes sociais, além de Malafaia, a ex-primeira-dama, Michelle Bolsonaro, convoca os apoiadores da direita para manifestações “ordeiras e pacíficas”. Veja:

A convocação ocorre no momento em que Malafaia foi incluído em um inquérito que investiga ações contra autoridades e ministros do Supremo. Segundo a Polícia Federal (PF), o pastor teria participado de articulações para pressionar instituições brasileiras a partir de sanções internacionais contra o país. 

Malafaia é investigado por suposta participação em crimes de coação no curso do processo (artigo 344 do Código Penal), obstrução de investigação envolvendo organização criminosa (Lei 12.850/2013) e abolição violenta do Estado Democrático de Direito (artigo 359-L do Código Penal).

As investigações são desdobramentos do Inquérito (INQ) 4995, que apura condutas do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e do ex-presidente Jair Bolsonaro, que articularam sanções contra autoridades brasileiras, como Moraes.

Ao tomar conhecimento da inclusão, Malafaia reagiu em vídeo, afirmando que o STF jogou a liberdade de expressão “na lata do lixo”.

“Coincidência”

Os atos de 7 de Setembro ocorrerão em meio ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro no STF. O ministro Cristiano Zanin, presidente da Primeira Turma da Corte, marcou para os dias 2, 3, 9, 10 e 12 de setembro o processo em que Bolsonaro e outros sete réus são acusados de tentativa de golpe de Estado entre 2022 e 2023.

A proximidade das datas deve aumentar a intensidade das manifestações, com expectativa de discursos em defesa do ex-presidente.

Medidas contra Malafaia

Na última semana, Moraes autorizou busca e apreensão contra Malafaia, além de medidas cautelares como:

  • proibição de contato com outros investigados e réus nos inquéritos e ações penais sobre tentativa de golpe, incluindo Jair e Eduardo Bolsonaro;
  • entrega do passaporte em até 24 horas;
  • proibição de deixar o país;
  • acesso da PF a dispositivos eletrônicos apreendidos e quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico.

O pastor deve ainda prestar depoimento imediato à PF. A corporação terá 15 dias para apresentar um relatório preliminar sobre o material coletado.

Acusações

Segundo a PF e a Procuradoria-Geral da República (PGR), Malafaia teria atuado como “orientador e auxiliar” em ações de coação e obstrução de justiça envolvendo Bolsonaro e Eduardo Bolsonaro. Mensagens atribuídas ao pastor indicariam tentativas de condicionar a suspensão de tarifas impostas pelos Estados Unidos à concessão de anistia para investigados nos atos de 8 de janeiro de 2023.

Em uma dessas mensagens, Malafaia teria afirmado:

“A próxima retaliação vai ser contra ministros do STF e suas famílias. Vão dobrar a aposta apoiando o ditador? DUVIDO!”

Em outros trechos, orienta Bolsonaro a vincular a suspensão das tarifas a uma anistia ampla, inclusive sugerindo a gravação de vídeos para viralizar a narrativa.

Em um trecho, ele diz que “tem que pressionar o STF dizendo que se houver uma anistia ampla e total, a tarifa vai ser suspensa.”

De acordo com Moraes, os indícios configuram “claros e expressos atos executórios” de crimes como coação no curso do processo e obstrução de investigação de organização criminosa. O ministro também apontou “fortes evidências” de que Malafaia atuaria na criação e difusão de ataques a ministros do STF, em linha com investigações anteriores sobre supostas milícias digitais.



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