Alunos do Ensino Médio trocam vestibulares pelas vagas olímpicas


A participação em Olimpíadas Científicas pode garantir vaga na universidade
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A participação em Olimpíadas Científicas pode garantir vaga na universidade

Estudantes brasileiros estão descobrindo um método de ingresso em instituições públicas alternativo aos vestibulares  tradicionais.

São as chamadas vagas olímpicas, que consideram as medalhas conquistadas em Olimpíadas Científicas nacionais e/ou internacionais durante os Ensinos Fundamental e Médio.

As pioneiras nessa modalidade foram a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e a Universidade de São Paulo (USP), nos vestibulares de 2019.

Conforme foram surgindo bons resultados, outras instituições aderiram e há o Projeto de Lei 3943/23, que visa garantir uma reserva de vagas olímpicas em instituições federais por todo o Brasil e está sendo analisado pelo Congresso.

As Olimpíadas Científicas são abertas a escolas das redes pública e privada, e de acordo com o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), tratam-se de competições que envolvem temas específicos para estimular a resolução de problemas práticos e teóricos.

Alguns exemplos nacionais deste tipo de competição são as Olímpiadas de Matemática, Física, Robótica, História e Linguística.

Do Maranhão para São Paulo

E foi conquistando premiações na Olimpíada Brasileira de Robótica e na Olimpíada Brasileira de Tecnologia que o maranhense Thiago Martins, de 18 anos, conquistou sua vaga no curso de Engenharia Mecânica, da Unicamp.

Thiago Martins deixou o Maranhão para ingressar na Unicamp
Arquivo pessoal

Thiago Martins deixou o Maranhão para ingressar na Unicamp

Thiago conversou com o  Portal iG e falou como foi o processo para a vaga na tão sonhada universidade.

“É um processo simples. Entrei no edital, coloquei as informações necessárias que, no caso, seriam quais competições eu tinha participado no ano de 2024 e lá eles fizeram a seleção dos alunos por meio das Olimpíadas e colocações que cada um conseguiu. Não existe prova, é só um processo seletivo através das suas conquistas nas Olimpíadas”, descreve o agora universitário.

Thiago, que sempre estudou em escola pública, concluiu o Ensino Médio no Centro Educa Mais Poeta Antonio José, escola estadual de tempo integral, no município de Santa Inês, no Maranhão.

“Agora vim morar em São Paulo, na casa de uma tia, e todo dia vou de ônibus para a Unicamp, em Campinas”, relata a nova rotina.

Ele conta que sempre teve incentivo na escola, principalmente do professor de biologia Andreson de Carvalho Alves.

E o professor Andreson, que é coordenador do Centro, confirmou ao Portal iG que a escola sempre abre a oportunidade e espaço para que eles participem.

“Não se trata apenas de medalhas e certificados, que também são importantes, mas, principalmente, é a oportunidade de ingressar em uma Universidade de grande renome com o desempenho deles nas Olimpíadas Científicas”, enfatiza, acrescentando que, além de Thiago, outros 4 alunos da escola foram aprovados em universidades públicas neste ano por meio das Vagas Olímpicas.

Sonho da Medicina

Entre os outros 4 aprovados, está Francisco Neres, 18 anos, que desde os 13, ainda no Ensino Fundamental, participa de Olimpíadas Científicas, impulsionado, principalmente, pelos pais.

Francisco Neres, aprovado em três universidades públicas pelas vagas olímpicas
Aqruivo pessoal

Francisco Neres, aprovado em três universidades públicas pelas vagas olímpicas

No Ensino Médio, sempre também em escola pública, ele diz que os professores do Centro incentivam ativamente os alunos a participar, explicando a importância dessas competições para o meio acadêmico e para o futuro profissional.

Com o desempenho de Neres nas competições, ele foi aprovado neste ano no curso de Enfermagem na Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Medicina Veterinária na Unesp e Fonoaudiologia na USP.

E engana-se quem pensa que ele vai parar por aí. Agora quer tentar Medicina, que é seu sonho.

“Espero que cada vez mais estudantes conheçam as vagas olímpicas e saibam que há um mundo de oportunidades após o ensino médio”, concluiu Francisco Neres, em conversa com o portal iG.

Como funciona o processo de seleção

As instituições de ensino que selecionam estudantes para esse tipo de processo publicam um edital específico para a modalidade e destinam uma quantidade de vagas em cursos específicos para os candidatos medalhistas.

Algumas regras da seleção podem variar de acordo com o edital de cada instituição. Mas, normalmente a disputa das vagas é feita através de um sistema de pontuação que se baseia nas medalhas e premiações conquistadas pelos candidatos. 

Além de uma separação por medalhas, há também uma outra que envolve a abrangência da olimpíada. Uma competição internacional, por exemplo, soma mais pontos do que uma nacional.

Alunos do Centro Educa Mais Poeta Antonio José, escola estadual de ensino médio do Maranhão; 5 alunos aprovados pelas vagas olímpicas
Arquivo pessoal

Alunos do Centro Educa Mais Poeta Antonio José, escola estadual de ensino médio do Maranhão; 5 alunos aprovados pelas vagas olímpicas

Conforme o candidato conquistar mais pontos, de acordo com seu desempenho, mais perto de uma vaga na universidade ele estará.

Quais universidades têm Vagas Olímpicas?

A seleção por Olimpíadas Científicas ainda é pouco difundida no Brasil, e está disponível apenas em instituições de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul:

– Universidade Estadual de Campinas (Unicamp);

– Universidade de São Paulo (USP);

– Universidade Estadual Paulista (Unesp);

– Universidade Federal de Itajubá (Unifei);

– Instituto Federal Do Sul De Minas Gerais;

– Universidade Federal do ABC (UFABC);

– Universidade Federal do Mato Grosso do Sul (UFMS); e

– Instituto de Matemática Pura e Aplicada (IMPA).



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