
A comissão deverá investigar a estrutura e a expansão dessas organizações
O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil), determinou a abertura da CPI do Crime Organizado. A decisão foi anunciada nesta quarta-feira (29), um dia depois da operação policial no Rio de Janeiro que resultou em 132 mortes, segundo levantamento da Defensoria Pública.
Em nota encaminhada ao Portal iG, Alcolumbre (União Brasil) informou que a comissão será instalada na próxima terça-feira (4), em acordo com o senador Alessandro Vieira.
“Determinei a instalação da CPI do Crime Organizado para a próxima terça-feira (4), em entendimento com o senador Alessandro Vieira. A comissão irá apurar a estruturação, a expansão e o funcionamento do crime organizado, com foco na atuação de milícias e facções. É hora de enfrentar esses grupos criminosos com a união de todas as instituições do Estado brasileiro, assegurando a proteção da população diante da violência que ameaça o país” , afirmou o presidente do Senado e do Congresso Nacional.
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A decisão de Alcolumbre foi tomada após a megaoperação policial realizada na terça-feira (28), que mirava a cúpula do Comando Vermelho (CV) nos complexos do Alemão e da Penha.
Segundo o governo do Rio de Janeiro, a ação contou com mais de 2,5 mil agentes e resultou na prisão de 81 pessoas e na apreensão de 93 fuzis.
De acordo com o levantamento da Defensoria Pública, 132 pessoas morreram — 128 civis e quatro agentes de segurança. O número diverge do balanço oficial das forças de segurança, que relatam 119 mortes.
A Defensoria informou que 64 pessoas morreram no dia da operação e outras 64 foram encontradas depois, em áreas de mata próximas ao local.
Moradores relataram que corpos foram levados até a Praça São Lucas, no Complexo da Penha, na madrugada desta quarta-feira.
Divergência nos números e atuação da Defensoria
Em nota, a Defensoria Pública afirmou que “tem ouvido e acolhido os moradores dos locais afetados e os familiares das vítimas fatais, buscando assegurar que cada relato contribua para a necessária resposta institucional à violência estatal nunca antes vista”.
O órgão informou ainda que equipes do NUDEDH (Núcleo de Direitos Humanos) permanecem no Complexo da Penha e no IML (Instituto Médico Legal), acompanhando a identificação dos corpos e prestando assistência jurídica a familiares de vítimas, presos e pessoas atingidas pela operação.
“Desde a última terça (28) pela manhã, a Defensoria Pública, através da Ouvidoria e do Núcleo de Direitos Humanos (NUDEDH), tem ouvido e acolhido os moradores dos locais afetados e os familiares das vítimas fatais” , disse a instituição.
Contexto da megaoperação
A ação policial foi um desdobramento da Operação Contenção, programa do governo estadual criado para conter a expansão do Comando Vermelho em territórios do Rio de Janeiro.
Segundo o Geni/UFF (Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos da Universidade Federal Fluminense), o número de mortos superou em mais de três vezes o da operação do Jacarezinho, em 2021, que havia deixado 28 mortos.
IG Último Segundo


