Ajuda de Trump deu a Bolsonaro uma tornozeleira eletrônica


Trump critica governo brasileiro e pede fim de processo contra Bolsonaro
Casa Branca e Agência Brasil/Montagem

Trump critica governo brasileiro e pede fim de processo contra Bolsonaro

Vamos ligar os pontos

Sem o pai, Eduardo Bolsonaro não chegaria sozinho até Guarulhos para pegar um avião em direção aos Estados Unidos. Precisaria tanto do carro do Jair quanto do dinheiro para a gasolina.

Mas, graças ao envio de recurso e à orientação do patriarca, perambula desde março por lá para defender o ex-presidente do julgamento pela trama golpista.

Faz isso se escorando no amigo grandalhão que tomou posse em janeiro e rasgou no ato seguinte a cartilha do slogan “America First”.

Desde o minuto zero Donald Trump se comporta como presidente do mundo, mas a ação vai além da máscara. O que ele faz, na prática, é atuar como lobista de um cartel que estava em peso na primeira fileira da cerimônia de posse para o seu segundo mandato.

A turma enxerga o Brasil atual como um entrave aos planos das big techs, acuadas pelo entendimento do Supremo Tribunal Federal sobre quem são os responsáveis por remover conteúdos ilegais das redes e também pela popularidade de ferramentas como o Pix, um paredão para os sistemas de pagamento digital das plataformas da turma.

Ao impor tarifas sobre exportações brasileiras, Trump usou como pretexto uma suposta perseguição judicial ao aliado (e não tão amigo, segundo ele mesmo) Jair Bolsonaro.

O que ele quer é desgastar o Judiciário e o governo Lula para instalar por aqui um preposto que aceite tudo o que o mestre mandar e ainda sorria e abandone o rabo. Bolsonaro é essa pessoa, e não é outro o papel do filho se não convencer o círculo próximo do republicano de que com ele livre da prisão ou reabilitado politicamente os interesses das companhias norte-americanas estariam assegurados.

Isso explica os bombardeios com chantagens e ameaças promovidos por Trump desde que Bolsonaro ficou mais perto da cadeia com a manifestação da PGR pedindo a sua condenação por liderar uma tentativa de golpe no país após ser derrotado nas eleições de 2022.

Faltou combinar com Alexandre de Moraes, que nesta sexta-feira (18) praticamente cortou o cordão umbilical de Bolsonaro com o filho e, de quebra, mandou o ex-presidente botar tornozeleira eletrônica em caso de fuga.

O cheiro da trapaça estava no ar quando o próprio Bolsonaro admitiu ter recebido convites de embaixadas para um almoço às vésperas da sentença. Ele poderia ficar para a sobremesa e não sair nunca mais.

Isso até que um filho ou aliado vença a eleição do ano que vem e publique, já no primeiro ato, um decreto de indulto ou anistia em favor de quem foi às ruas, financiou ou liderou o quebra-quebra de 8 de Janeiro de 2023.

Ligaram os pontos?

Trump tinha um plano e talvez não esperasse que o alvo reagiria tão rápido e tão incisivamente em defesa da soberania nacional.

Trump deu a Lula a chance de aparecer em TV aberta chamando os opositores de traidores da pátria.

E, a Bolsonaro, o republicano presenteou com uma tornozeleira eletrônica.

Resta saber o que será de seu filho sem as ordens e o dinheiro do pai para se bancar no exterior. Fritar hambúrguer parece um bom rebranding.

*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião do Portal iG



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