Agentes ligados a Trump tentam infiltrar-se na Groenlândia


Agentes ligados a Trump tentam infiltrar-se na Groenlândia
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Agentes ligados a Trump tentam infiltrar-se na Groenlândia

Apesar da disputa sobre a soberania da Groenlândia ter esfriado nos últimos meses, o interesse dos Estados Unidos em controlar a ilha permanece ativo. É o que afirmam especialistas ouvidos pela emissora dinamarquesa DR, que revelou nesta quarta-feira (27) a existência de supostas operações de influência conduzidas por norte-americanos no território.

O presidente dos EUA, Donald Trump, já havia declarado, em março deste ano, que, “de uma forma ou de outra”, os Estados Unidos conseguiriam a Groenlândia, uma fala que voltou a acender temores sobre os planos americanos no Ártico.

Segundo fontes consultadas pela DR, pelo menos três homens com ligações diretas à Casa Branca e ao ex-presidente Donald Trump têm atuado na Groenlândia por meio de redes de contatos locais. Autoridades dinamarquesas e groenlandesas acompanham de perto os movimentos, que, segundo os investigadores, representam uma tentativa de infiltração no tecido social da ilha.

“O problema está longe de desaparecer e continua sendo algo com o qual precisamos lidar” , afirmou Mikkel Runge Olesen, pesquisador sênior do Instituto Dinamarquês de Estudos Internacionais (DIIS), especializado em relações transatlânticas e política externa do Ártico.

Listas secretas e apoio à independência

De acordo com os documentos obtidos pela DR, um dos norte-americanos teria, durante visita a Nuuk, capital da Groenlândia, elaborado uma lista com nomes de habitantes simpáticos a Trump, com o objetivo de recrutá-los para um movimento separatista pró-independência em relação à Dinamarca.

O mesmo agente também teria criado um cadastro com cidadãos críticos aos EUA e incentivado a identificação de temas que pudessem prejudicar a imagem da Dinamarca na mídia americana.

Outros dois homens estariam cultivando relações com políticos, empresários e líderes comunitários da ilha. Fontes do governo dinamarquês temem que esses vínculos possam ser usados para favorecer a ambição americana de anexar a Groenlândia.

“É exatamente esse tipo de operação que pode inflamar o sentimento anti-Dinamarca e provocar tensões capazes de manchar a imagem do país”, alertou Jakob Kaarsbo, ex-analista do serviço de inteligência militar dinamarquês e hoje consultor independente em segurança.

Preocupação oficial e silêncio dos EUA

A Polícia de Inteligência da Dinamarca (PET) confirmou à DR que a Groenlândia é alvo frequente de campanhas de influência estrangeira, com o objetivo de explorar divisões internas e minar a relação com Copenhague.

“Estamos em constante diálogo com as autoridades groenlandesas para monitorar ameaças e implementar contramedidas adequadas”, informou o órgão.

Procurado pela reportagem, o governo dos Estados Unidos não respondeu diretamente sobre as acusações. Em nota, a embaixada americana em Copenhague afirmou que cidadãos norte-americanos podem ter interesses próprios na ilha e que “os EUA valorizam suas relações com os governos da Groenlândia e da Dinamarca” .



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