
Titanic está sendo devorado por micróbios
Quarenta anos depois de ter sido localizado no fundo do oceano Atlântico, o Titanic está desaparecendo. Pesquisadores afirmam que microrganismos estão corroendo o metal do navio e acelerando a sua decomposição, em um processo que pode fazer com que os destroços sumam completamente nas próximas décadas.
O navio, que afundou em 1912 após colidir com um iceberg, foi encontrado em 1985 pelo oceanógrafo Robert Ballard. Desde então, o local passou por diversas expedições e, a cada visita, os cientistas observam novas perdas estruturais. Imagens recentes mostram, por exemplo, que parte do corrimão da proa, eternizado no filme “Titanic”, de 1997, já se desprendeu e agora repousa no fundo do mar.
Entenda o processo
Entre os fatores que contribuem para o avanço da deterioração estão as fortes correntes submarinas, a corrosão provocada pela água salgada e a ação de uma bactéria identificada como Halomonas titanicae. Descoberta nos anos 1990 em amostras retiradas do casco, a bactéria utiliza o ferro do navio como fonte de energia, transformando o aço em óxido e formando estruturas frágeis conhecidas como “rustículos”.
De acordo com a microbiologista Erin Field, da Universidade East Carolina, essas colônias de bactérias criam um ecossistema próprio sobre o metal. Quando o oxigênio disponível na água é consumido, os microrganismos passam a extrair energia diretamente do ferro, acelerando a corrosão. “O Titanic se tornou um habitat vivo, sustentado pela própria deterioração” , explica a pesquisadora.
O Titanic está a cerca de 3.800 metros de profundidade e a quase 600 quilômetros da costa do Canadá. O ambiente é extremo, com escuridão total e temperaturas próximas de zero grau. Mesmo assim, a vida microscópica prospera ali. Os cientistas acreditam que, mantido o ritmo atual, o que resta do navio poderá colapsar até 2030.
Mais de um século após o naufrágio e quatro décadas depois de sua redescoberta, o Titanic continua sendo um marco histórico e científico. Enquanto o mundo se lembra da tragédia que matou mais de 1.500 pessoas, no fundo do oceano o navio está sendo lentamente devolvido à natureza.
IG Último Segundo


