O blogueiro Allan dos Santos é dono do canal Terça Livre e um dos aliados mais próximos da família Bolsonaro. Ele é investigado em dois inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF).
Na quinta-feira (21), o ministro Alexandre de Moraes determinou sua prisão preventiva e, ao Ministério da Justiça, o início imediato do processo de extradição.
Após ser alvo de operações, Allan dos Santos deixou o Brasil e teria entrado em julho nos Estados Unidos com visto de turista vencido desde fevereiro.
Um dos inquéritos apura ameaças a ministros do tribunal e disseminação de conteúdo falso na internet, as chamadas fake news. O outro investiga o financiamento de atos antidemocráticos.
Nos dois casos, Allan dos Santos nega envolvimento em irregularidades.
Moraes determina extradição do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos
Suspeitas da Polícia Federal
Ao STF, a PF apontou que o blogueiro, “a pretexto de atuar como jornalista”, assumiu a condição de um dos organizadores de um movimento responsável por ataques à Constituição, aos poderes de Estado e à democracia.
A suspeita é de que essas ações podem ter sido financiadas com recursos públicos a partir da interlocução que mantém com a família Bolsonaro e com parlamentares bolsonaristas.
A PF afirma ainda que, principalmente, por meios digitais, Allan dos Santos e seu grupo pregam deliberadamente:
- o fim de instituições democráticas, como a democracia representativa (busca queda de prefeitos e governadores eleitos e o fechamento do Congresso Nacional);
- contra a tripartição dos poderes (defendem o fechamento do Supremo Tribunal Federal como forma de garantia de governabilidade pelo presidente da República).
- intervenção militar.
Inquéritos contra Allan dos Santos
Divulgação de conteúdo falso: chamado inquérito das fake news foi aberto em 2019 por determinação do presidente do STF, Dias Toffoli, para apurar “notícias fraudulentas”. O relator do caso é o ministro Alexandre de Moraes.
A investigação apura ameaças a ministros do STF e a disseminação das fake news nas redes sociais. Em junho, o Supremo julgou uma ação do partido Rede Sustentabilidade, que questionava a legalidade o inquérito, e decidiu manter as apurações.
Atos antidemocráticos: O inquérito sobre os atos antidemocráticos foi aberto pelo STF a pedido da Procuradoria Geral da República (PGR). As investigações foram autorizadas pelo ministro Alexandre de Moraes.
O pedido da PGR foi apresentado em 20 de abril, um dia após os atos realizados em todo o país que tinham entre os manifestantes defensores do fechamento do Congresso, do STF e da reedição do AI-5, o ato institucional que endureceu o regime militar no país.
Moraes ordenou que a Polícia Federal inclua o mandado de prisão contra Allan dos Santos na lista da Difusão Vermelha da Interpol, para garantir que Santos seja capturado e retorne ao Brasil. Também foi acionada a embaixada do Brasil nos Estados Unidos.
Perfis retirados do ar nas redes
Por uma ordem judicial, o perfil do blogueiro bolsonarista Allan dos Santos foi retirado do ar pelo Instagram em meados de outubro.
Seu canal Terça Livre também foi removido pelo YouTube “em cumprimento a uma decisão proferida em processo judicial que está sob segredo de justiça”, de acordo com a assessoria da plataforma de vídeos.
Anteriormente, duas contas dele no Twitter foram removidas por ordem do ministro Alexandre de Moraes. Uma das contas é pessoal e outra do canal que ele mantém nas redes sociais, o Terça Livre.
Fonte: G1