Pela primeira vez, uma empresa privada lançará um foguete ao espaço a partir da base de Alcântara, no Maranhão. O lançamento do sul-coreano HANBIT-TLV está previsto para a manhã desta segunda-feira (19), às 6h.
Batizada de Astrolábio, a operação inédita tem participação da Força Aérea Brasileira (FAB), da Agência Espacial Brasileira (AEB) e da Innospace, startup de veículos lançadores de satélites da Coreia do Sul. Na última quinta-feira (15), foi realizado, com sucesso, o primeiro teste vertical para o lançamento. Está tudo pronto, dependendo apenas das condições meteorológicas.
O foguete — um pequeno lançador de satélites com 16,5 metros de altura e 8,4 toneladas — fará apenas um voo suborbital, utilizando um novo motor de propulsão híbrida. Depois, a empresa pretende realizar lançamentos mais complexos a partir do Brasil, até ser capaz de colocar satélites em órbita.
Veja em detalhes:
“Essa operação tem dois objetivos, um é do operador do veículo, a Innospace, que vai testar em voo um motor inédito, desenvolvido por ele. Do nosso ponto de vista, utilizaremos o centro de lançamento como um espaçoporto, atendendo um cliente externo. Mais ou menos como um aeroporto internacional quando recebe um avião de linha aérea vindo do exterior. É uma ótima oportunidade de qualificarmos nossos sistemas em proveito de uma operação privada”, explica o presidente da AEB, Carlos Augusto Teixeira de Moura.
Ele destaca que uma empresa canadense também planeja fazer lançamentos a partir de Alcântara em meados de 2023 e outras estão em negociação.
“O Brasil tem a ambição de se tornar um dos mais importantes atores no cenário de transporte espacial, graças a todas as facilidades geográficas e nossas competências. E esse lançamento é histórico porque marca a primeira operação privada do espaçoporto de Alcântara. Isso abre um novo capítulo no nosso programa espacial e novas perspectivas para nossa economia espacial”, conclui o presidente.
O Centro de Lançamento de Alcântara (CLA) foi inaugurado em 1º de março de 1983.
Como é o foguete
No início do mês, as partes do foguete chegaram no aeroporto internacional de São Luís (MA), em um Boeing 747; mais de 8 toneladas de componentes foram transportadas em três carretas até a cidade de Alcântara, a cerca de 30 km da capital maranhense — o percurso durou 40 horas entre trajeto fluvial e terrestre.
Seu principal diferencial é o motor, que será testado pela primeira vez. Desenvolvido e patenteado pela Innospace, ele é alimentado por uma bomba elétrica, sendo considerado híbrido, pois além de propulsores à base de oxigênio, ainda tem mistura de parafinas, “o que proporciona composição química estável, fabricação mais rápida e de menor custo”.
Veja um teste do motor em solo:
O foguete levará uma carga útil, chamada de SISNAV (Sistema de Navegação Inercial), desenvolvida pelos militares e profissionais civis do IAE (Instituto de Aeronáutica e Espaço).
A FAB afirma que o SISNAV é “um experimento tecnológico brasileiro essencial para a navegação autônoma de foguetes, que permitirá ao Brasil um grande passo em direção à independência no desenvolvimento de veículos para lançamentos de satélites de todos os tipos”.
*Com informações de matéria de Abinoan Santiago, em colaboração para Tilt