(Reuters) – O Conselho de Supervisão da Meta recomendou nesta terça-feira que a empresa revise sistema que isenta usuários importantes de suas regras, dizendo que a prática privilegia os poderosos e permite que os interesses comerciais influenciem as decisões de conteúdo.
A verificação cruzada “prioriza usuários de valor comercial para a Meta e, conforme estruturada, não atende às responsabilidades de direitos humanos e valores da Meta”, disse o diretor do Conselho de Supervisão, Thomas Hughes, em um comunicado anunciando a decisão.
O conselho vinha revisando o programa de verificação cruzada desde o ano passado, quando a denunciante Frances Haugen expôs a extensão do sistema ao vazar documentos internos da empresa para o Wall Street Journal.
Esses documentos revelaram que o programa era maior e mais tolerante com usuários influentes do que Meta havia dito anteriormente.
Em 2019, o sistema impediu que os moderadores da empresa removessem fotos de uma mulher nua publicadas pelo jogador de futebol Neymar, embora a publicação violasse as regras contra “imagens íntimas não consensuais”, de acordo com uma reportagem do WSJ.
No parecer emitido nesta terça-feira, o conselho disse concordar que a Meta precisa de mecanismos para lidar com os erros, dado o volume extraordinário de conteúdo gerado pelos usuários que a empresa modera todos os dias.
No entanto, acrescentou, a Meta “tem a responsabilidade de abordar esses problemas maiores de maneira que beneficie todos os usuários e não apenas alguns poucos selecionados”.
O conselho fez 32 recomendações que podem estruturar o programa de maneira mais equitativa, incluindo requisitos de transparência, auditorias do impacto do sistema e uma abordagem mais sistemática para elegibilidade.
As recomendações de política do Conselho de Supervisão não são vinculativas, mas a Meta é obrigada a respondê-las, normalmente em 60 dias.
Uma porta-voz do Conselho de Supervisão disse que a empresa havia solicitado e recebido uma prorrogação neste caso, então terá 90 dias para responder.