Como caçadores de Óvni estudam esses objetos não identificados


Um Grupo de Estudos e Informações sobre Fenômenos Aeroespaciais Não Identificados (Geipan) da França se debruça há 45 anos em uma força tarefa para desvendar os mistérios por trás dos óvnis (sigla em português para objetos voadores não identificados).

O trabalho tem sido tão importante na área que o grupo foi convidado pela Nasa, agência espacial dos Estados Unidos, para apresentar suas atividades e metodologias a uma equipe que estudará dados e estabelecerá métodos para analisar fenômenos aéreos incomuns observados no céu, destaca o site The Conversation.

Vinculado ao Centro Nacional de Estudos Espaciais (CNES), a equipe é composta por quatro especialistas encarregados de coletar depoimentos de testemunhas, conduzir pesquisas, publicar estudos, gerenciar sistemas de informática e supervisionar as operações da organização.

Paralelamente, um departamento técnico do CNES conta com mais especialistas que fazem a ponte com outros especialistas e instituições, incluindo a Força Aérea da França, a Força Policial, a Direção-Geral de Aviação Civil, o Centro Nacional de Pesquisa Científica (CNRS) e o serviço meteorológico Météo-France.

O papel dos “caçadores de óvnis”

A classificação de óvni envolve é qualquer objeto, luz, fenômeno aéreo incomum visto no céu e que não é identificado no momento em que é visto. Geralmente, eles têm forma de uma luz brilhante e aparecem principalmente à noite.

De acordo com o The Conversation, 60% dos casos de aparição de óvnis são explicáveis após suas respectivas análises. Podem ser balões de festa, balões de ar quente, aeronaves, satélites, meteoritos, estrelas, planetas e assim por diante.

Por isso o papel desses “caçadores de óvnis” de esclarecer e identificar os objetos voadores é tão importante.

No caso do grupo francês, os profissionais contam com ferramentas e aplicativos em diversos domínios, desde aeronáutica a aeroespacial (para satélites e detritos), astronomia (para estrelas e meteoritos), meteorologia, processamento de imagens, entre outros.

Calcula-se que 700 relatórios de testemunhas oculares são registrados anualmente. Desses, de 150 a 200 permanecem sem respostas.

Desafios de identificar óvnis

O avistamento de um óvni pode depender do ambiente, como condições de pouca luz, ausência de som, turbulência atmosférica fazendo com que uma estrela pisque estranhamente ou a luz do sol refletida em um avião distante.

Há também avistamentos mais raros, como o aparecimento de meteoritos se desintegrando na atmosfera terrestre.

Um desses eventos atípicos foi quando o aglomerado de satélites Starlink entrou em órbita, dando origem a vários relatos de pontos brilhantes se movendo em uma fileira. A série de pontos eram os próprios satélites entrando em órbita, vistos quando o céu estava mais escuro e o Sol, nascendo ou se pondo, refletia nos satélites.

Explicações razoáveis são encontradas para cerca de dois terços dos fenômenos aéreos observados, mas o terço restante permanece sem solução devido à falta de informações para analisar o relatório e produzir uma explicação, segundo a publicação.

Falhas humanas

Os relatórios de avistamento de óvni também podem ser o resultado de uma simples interpretação incorreta. Um astrônomo amador pode capturar uma imagem de alta qualidade de um flash brilhante no céu, mas os aplicativos populares de astronomia não possuem dados suficientes para oferecer uma explicação.

Nesse caso, apenas o departamento de vigilância do espaço interno do CNES (e de outros órgãos do tipo espalhados pelo mundo) poderia comprovar a presença de um foguete refletindo os raios solares.

A metodologia Geipan

O Geipan trabalha em três etapas principais no processo de análise de óvnis. A primeira é coletar os relatos de testemunhas oculares, em seguida é feito um estudo técnico e por último a publicação de relatórios de análise, sempre protegendo o anonimato das testemunhas.

Cada verificação começa com um relatório, seja ele enviado no site ou em uma delegacia de polícia local. Anexo ao levantamento com o relato de quem viu o objeto não identificado, também é possível anexar fotos e vídeos do objeto.

Em seguida, o relato começa a ser estudado. À medida que aumenta a qualidade e a quantidade das informações passadas, os erros de análise tendem a diminuir, destaca o texto. Nesta fase, é usado o banco de dados do Geipan com uma série de aplicativos técnicos e softwares.

Isso inclui ferramentas de uso público, bem como algumas desenvolvidas por parceiros, como a Força Aérea Francesa (para reproduzir rotas de voo), Météo-France (para condições meteorológicas precisas) e o próprio CNES (para rastreamento de alta precisão de satélites e destroços).

Em uma última etapa é feito o trabalho de campo, permitindo os especialistas analisarem com mais precisão as condições do avistamento e realizar uma entrevista cognitiva com a testemunha ocular. O objetivo nessas entrevistas é aprofundar o relato, revelando as informações mais confiáveis possíveis, mas sem distorcê-las.



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