A relação entre as chuvas de meteoros e os objetos perigosos para a Terra

Muita gente já se perguntou se as chuvas de meteoros são perigosas ou não. E provavelmente você já ouviu falar que elas são inofensivas. De fato são, entretanto, elas podem revelar a existência de cometas ou asteroides que podem ser muito perigosos para o nosso planeta.

Foi graças à grande tempestade de meteoros da Leonidas em 1833 que Denison Olmsted concluiu que as chuvas de meteoros são provocadas por fragmentos de rochas espaciais dispersas em uma trilha de detritos orbitando o Sol

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Trinta e três anos depois, o Cometa 55P Tempel-Tuttle foi descoberto com órbita semelhante àquela que havia sido calculada por Olmsted para os leonídeos de 1833. Não foi difícil compreender que a chuva de meteoros Leônidas era formada por partículas de poeira deixadas pelo cometa Tempel-Tuttle.

Órbita do Cometa 55P Tempel-Tuttle e sua semelhança com a órbita dos meteoroides leonídeos que atingem a Terra – Imagem: WOtP / wikimedia.org

Só que, se a órbita do cometa é semelhante à dos meteoros, será que haveria o risco do Tempel-Tuttle atingir a Terra algum dia, assim como seus fragmentos? A princípio não. Mas, em sua passagem pelo sistema solar interior, este cometa, de quase 4 km, passa apenas 1,2 milhões de quilômetros da órbita do nosso planeta. 

E isso não é um sinal nada bom, principalmente considerando que, anualmente, a Terra atravessa os detritos de vários cometas e asteroides. Atualmente, nossa tecnologia não nos permite enxergar essas trilhas de detritos no espaço com nossos telescópios. Só sabemos que elas existem quando essas partículas atravessam nossa atmosfera gerando as chuvas de meteoros. Então cada uma dessas chuvas de meteoros seria indício de um objeto perigoso para Terra? 

Nem sempre. Principalmente porque a interação dessas nuvens de detritos com grandes corpos, como Júpiter, podem bagunçar a coisa toda. Júpiter pode, não só lançar uma nuvem dessas em direção da Terra, como pode também desviar a órbita do cometa ou asteroide que gerou os detritos, jogando o objeto para longe ou, eventualmente, colocando ele em rota de colisão com nosso planeta. 

O que sabemos até hoje é que existem algumas chuvas como a Eta Aquarídeas e a Orionídeas que são geradas pelo cometa Halley, que tem cerca de 11 quilômetros e passa a seguros 11 milhões de quilômetros da órbita da Terra. 

Mas também temos a Geminídeas, que é gerada pelo asteroide 3200 Faetonte, com 6,2 quilômetros, e que passa apenas 2,9 milhões de quilômetros da órbita da Terra sendo assim considerado um objeto potencialmente perigoso para o nosso planeta, assim como o Cometa Tempel-Tuttle, que gera a Leonidas.

Mas nada que se compare à Perseidas, que é gerada pelo cometa 109P Swift-Tuttle que, com seus 26 km de diâmetro, passa a apenas 130 mil quilômetros da órbita da Terra. A Perseidas é uma das maiores e mais belas chuvas anuais de meteoros, capaz de produzir até 100 meteoros por hora em sua máxima, mas também nos alerta para um dos maiores perigos espaciais para o nosso planeta. 

Algumas chuvas de meteoros associadas à objetos perigosos para a Terra – Fonte: BRAMON

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Felizmente, não existe nenhuma passagem perigosa prevista para o Cometa Tempel-Tuttle nos próximos dois mil anos. Mas talvez o maior perigo esteja sendo alertado pelas chuvas de meteoros que ainda não conhecemos seus corpos parentais.

A Quadrântidas, por exemplo, talvez seja gerada por um asteroide que passa a mais de 25 milhões de quilômetros da Terra. Mas também há uma suspeita de que ele possa ser gerado pelo cometa C/1490 Y1, um cometa que foi observado em apenas três noites, há mais de 500 anos, e que pouco se sabe a respeito dele, além do fato que pode ser capaz de gerar uma chuva com mais de 120 meteoros por hora todos os anos. 

Agora, se existe algo realmente certo, é que o estudo das chuvas de meteoros é de grande importância para a proteção do nosso planeta, pois através delas, conhecemos a dinâmica desses corpos celestes que passam por nossa vizinhança cósmica. As belas e inofensivas chuvas de meteoros podem ser um singelo aviso dos céus de que algo realmente grande pode estar nesse momento a caminho da Terra.

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