Sequestro de helicóptero: o que se sabe e o que falta esclarecer caso de piloto feito refém em voo | Rio de Janeiro


A Polícia Civil do RJ investiga o sequestro de um helicóptero para resgatar um preso, no último domingo (19), entre a Costa Verde fluminense e a Zona Oeste do Rio. Segundo o piloto Adonis Lopes, dois bandidos armados com pistolas e fuzis o renderam no ar e o obrigaram a voar até o Presídio Vicente Piragibe, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu.

A Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco) tenta identificar os passageiros e esclarecer os fatos. Adonis refez parte do trajeto, junto com a polícia, nesta segunda (20).

Com base no que o piloto disse em entrevista, o g1 reproduziu o que aconteceu no helicóptero na tarde de domingo (19).

Arte mostra o que aconteceu no sequestro do helicóptero no RJ, segundo o relato do piloto Adonis Lopes — Foto: Infografia: Wagner Magalhães/g1

Veja abaixo o que se sabe sobre o incidente.

Quem os bandidos queriam resgatar?

A polícia ainda não detalhou, mas o secretário Allan Turnowski afirmou que já identificou a facção criminosa a que os bandidos pertencem e que o alvo estaria no Presídio Vicente Piragibe. Adonis também disse que pode fazer retratos falados dos sequestradores.

Os criminosos anunciaram o sequestro tão logo decolaram do Frade, um bairro de Angra dos Reis, quando ordenaram que o piloto voasse até Bangu, no Complexo de Presídios de Gericinó.

Por que os bandidos foram para Angra?

A polícia ainda não esclareceu totalmente. Já se sabe que a quadrilha tinha procurado o táxi aéreo para um casal que passaria o domingo (19) em Angra, voltando nesta segunda-feira (20). Quem apareceu para o voo foram os dois homens, e o retorno acabou “antecipado”. É desconhecido se houve contratempos que levaram a dupla a partir para Bangu no mesmo dia.

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Os criminosos pagaram cerca de R$ 17 mil em espécie pelo “pacote”: R$ 7.250 pelo voo do Rio até Angra, em torno de R$ 3 mil na hospedagem no bairro do Frade, em Angra, e mais R$ 7.250 pela viagem de volta.

Por que Adonis assumiu um voo particular?

Inicialmente, segundo a polícia, outro piloto tinha sido contratado para a viagem de ida e volta a Angra. Quando a dupla anunciou que queria retornar já, o profissional alegou que não estava se sentindo bem e pediu a Adonis, de quem é amigo, que assumisse a viagem.

Adonis disse que era policial?

Segundo ele, não. Depois de rendido, Adonis apenas tentou demovê-los do resgate. “‘Isso não vai acabar bem, vão atirar no helicóptero’”, disse à dupla. Os criminosos insistiram.

Adonis Lopes, piloto da Polícia Civil — Foto: Reprodução/TV Globo

As manobras sobre um batalhão foram para chamar a atenção?

Adonis disse que não. As imagens do Esquilo desgovernado viralizaram (veja abaixo), mas não era um “alerta” do piloto: era, segundo Adonis, uma luta a bordo, com risco iminente de queda.

“Eles pegaram os comandos, o sujeito de trás me deu uma gravata”, lembrou Adonis.

As manobras não foram propositais. Eu pensei que a aeronave fosse colidir com qualquer comando. O helicóptero é muito sensível. Eu a todo momento evitava bater”, descreveu.

Como os bandidos desistiram do plano?

Adonis acredita que os criminosos tiveram medo de morrer e decidiram fugir. O helicóptero foi para o Morro do Caramujo, em Niterói, onde a dupla saltou.

Adonis sofreu algum ferimento?

Apesar da luta corporal, o policial saiu ileso. Ele contou que, depois que a dupla desceu em Niterói, decolou ainda com a porta da aeronave aberta, com medo de disparos em represália.

Na luta, Adonis ainda tentou alertar os sequestradores do risco: “A gente vai cair, larga, solta, a gente vai morrer!”, recordou. “Não sei explicar, eles ficaram muito atônitos”, emendou.

O que dizem as autoridades?

O governador Cláudio Castro (PL) afirmou que o sequestro de um helicóptero para resgatar um preso “causou estranheza a todos”. Quando a aeronave chegou a Bangu, os detentos de todas as cadeias já haviam sido recolhidos às celas.

“Não houve nenhuma movimentação de nenhuma natureza na penitenciária, o que faz até a gente achar que era alguém que foi pago e que achou que teria essa condição”, explicou o governador. “Foi muito esquisito o que aconteceu, mas a gente já está investigando para poder entender”, emendou Castro.

Momento da luta a bordo de helicóptero sequestrado — Foto: Reprodução/TV Globo



Fonte: G1