Sequestro de helicóptero: ‘Foi muito esquisito o que aconteceu’, diz governador | Rio de Janeiro


O governador Cláudio Castro (PL) afirmou nesta segunda-feira (20) que o sequestro de um helicóptero para resgatar um preso “causou estranheza a todos”. Segundo o piloto Adonis Lopes, dois bandidos armados com pistolas e fuzis o renderam no ar e o obrigaram a voar até o Presídio Vicente Piragibe, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, na Zona Oeste do Rio.

Mas, quando a aeronave chegou à região, os detentos de todas as cadeias já haviam sido recolhidos às celas.

“Não houve nenhuma movimentação de nenhuma natureza na penitenciária, o que faz até a gente achar que era alguém que foi pago e que achou que teria essa condição”, explicou o governador.

“Foi muito esquisito o que aconteceu, mas a gente já está investigando para poder entender”, emendou Castro.

Simulação do sequestro de helicóptero no RJ — Foto: Ilustração: Wagner Magalhães/g1

Adonis afirmou em entrevista que ficou sob a mira de uma pistola e que lutou com a dupla em pleno voo. O piloto ainda disse à polícia que os criminosos não esconderam o rosto e que é capaz de fazer retratos falados dos dois.

Os bandidos pagaram cerca de R$ 17 mil em espécie pelo “pacote”: R$ 7.250 pelo voo do Rio até Angra, em torno de R$ 3 mil na hospedagem no Frade e mais R$ 7.250 pela viagem de volta.

Adonis refez parte do trajeto, junto com a polícia, nesta segunda. O caso foi registrado na Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco), para identificar os passageiros e esclarecer os fatos. O inquérito será conduzido sob sigilo.

Com base no que o piloto disse em entrevista, o g1 reproduziu o que aconteceu no helicóptero na tarde de domingo (19).

Arte mostra o que aconteceu no sequestro do helicóptero no RJ, segundo o relato do piloto Adonis Lopes — Foto: Infografia: Wagner Magalhães/g1

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Veja abaixo o que se sabe sobre o incidente.

Quem os bandidos queriam resgatar?

A polícia ainda não detalhou, mas o secretário Allan Turnowski afirmou que já identificou a facção criminosa a que os bandidos pertencem. Adonis também disse que pode fazer retratos falados dos sequestradores.

Os criminosos anunciaram o sequestro tão logo decolaram do Frade, em Angra dos Reis, quando ordenaram que o piloto voasse até Bangu, no Complexo de Presídios de Gericinó.

Por que os bandidos foram para Angra?

A polícia ainda não esclareceu totalmente. Já se sabe que a quadrilha tinha procurado o táxi aéreo para um casal que passaria o domingo (19) em Angra, voltando nesta segunda-feira (20). Quem apareceu para o voo foram os dois homens, e o retorno acabou “antecipado”. É desconhecido se houve contratempos que levaram a dupla a partir para Bangu no mesmo dia.

Adonis Lopes, piloto da Polícia Civil — Foto: Reprodução/TV Globo

Por que Adonis assumiu um voo particular?

Inicialmente, segundo a polícia, outro piloto tinha sido contratado para a viagem de ida e volta a Angra. Quando a dupla anunciou que queria retornar já, o profissional alegou que não estava se sentindo bem e pediu a Adonis, de quem é amigo, que assumisse a viagem.

Adonis disse que era policial?

Segundo ele, não. Depois de rendido, Adonis apenas tentou demovê-los do resgate. “‘Isso não vai acabar bem, vão atirar no helicóptero’”, disse à dupla. Os criminosos insistiram.

As manobras sobre um batalhão foram para chamar a atenção?

Adonis disse que não. As imagens do Esquilo desgovernado viralizaram (veja abaixo), mas não era um “alerta” do piloto: era, segundo Adonis, uma luta a bordo, com risco iminente de queda.

Piloto faz manobra em helicóptero em cima de batalhão após ser rendido por passageiros

Piloto faz manobra em helicóptero em cima de batalhão após ser rendido por passageiros

“Eles pegaram os comandos, o sujeito de trás me deu uma gravata”, lembrou Adonis.

As manobras não foram propositais. Eu pensei que a aeronave fosse colidir com qualquer comando. O helicóptero é muito sensível. Eu a todo momento evitava bater”, descreveu.

Como os bandidos desistiram do plano?

Adonis acredita que os criminosos tiveram medo de morrer e decidiram fugir. O helicóptero foi para o Morro do Caramujo, em Niterói, onde a dupla saltou.

Adonis sofreu algum ferimento?

Apesar da luta corporal, o policial saiu ileso. Ele contou que, depois que a dupla desceu em Niterói, decolou ainda com a porta da aeronave aberta, com medo de disparos em represália.

Na luta, Adonis ainda tentou alertar os sequestradores do risco: “A gente vai cair, larga, solta, a gente vai morrer!”, recordou. “Não sei explicar, eles ficaram muito atônitos”, emendou.

Momento da luta a bordo de helicóptero sequestrado — Foto: Reprodução/TV Globo



Fonte: G1